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Bancos públicos e privados batalham por consignado
Instituições pequenas e médias vão à Justiça contra privilégio obtido pelo BB
Para associação, cliente
deve ter liberdade para
escolher banco; BB diz
que contratos estão
de acordo com regras
EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA
O empréstimo consignado
bateu recordes no primeiro
quadrimestre do ano e se
transformou em um dos principais focos de disputa entre
bancos públicos e privados.
No caso dos bancos médios e pequenos e do Banco
do Brasil, essa disputa já chegou à Justiça.
O crédito com desconto em
folha de pagamento, como
também é conhecido, já representa 60% dos empréstimos diretos ao consumidor.
Hoje, há R$ 119 bilhões emprestados. Há cinco anos,
quando só bancos de menor
porte atuavam nesse segmento, eram R$ 20 bilhões.
Quase metade desses empréstimos está hoje com os
dois maiores bancos estatais.
Há um ano e meio, a participação era de cerca de 30%.
O avanço do Banco do Brasil nessa área, que dobrou
sua carteira durante a crise
de 2008 e 2009, colocou a
instituição no centro de uma
disputa judicial.
A ABBC (associação dos
bancos médios e pequenos)
já obteve liminares contra a
exclusividade do BB para
conceder crédito aos servidores de três cidades paulistas
(São Paulo, Campinas e Guarulhos) e três Estados (Paraíba, Rio Grande do Norte e
Mato Grosso). Agora, prepara
novas ações contra o avanço
do banco estatal.
Nos últimos dois anos, o
BB comprou carteiras de crédito de outros bancos, fez
duas grandes aquisições
(Nossa Caixa e parte do Votorantim) e fechou acordos que
já chegam a mais de 200 administrações estaduais e municipais, segundo estimativas do mercado.
"Estamos questionando os
convênios onde há volume
maior de operações. Cremos
que tem de prevalecer a liberdade do cliente de escolher a
instituição com a qual quer
trabalhar", diz o presidente
da ABBC, Renato Oliva.
A principal ação é contra a
Prefeitura de São Paulo. Desde que o BB passou a responder pela folha de pagamento
desses servidores, obteve
também a exclusividade para operações consignadas.
Nesse caso, a vitória da
ABBC nas primeiras instâncias foi revertida no STJ. A
disputa segue para o STF.
Há também ações do Ministério Público Federal contra outros convênios. Uma
delas questiona a exclusividade do BB e da Caixa Econômica Federal com a Câmara
dos Deputados. Para os procuradores, essa cláusula
contratual "fere os princípios
da concorrência e da defesa
do consumidor".
O vice-presidente de Negócios de Varejo do BB, Paulo
Caffarelli, diz que esses contratos estão dentro das regras
do Banco Central e são uma
prática adotada também por
outras instituições, inclusive
do setor privado.
Caffarelli afirma que eles
não ferem a livre concorrência, pois o banco oferece condições de financiamento
"competitivas" e dentro da
média do mercado.
Ainda segundo ele, esses
acordos incluem outros serviços, como assessoria tributária, administração da folha
de pagamento e empréstimos a esses governos.
"Dentro da livre concorrência, isso é factível. Muitos
bancos têm exclusividade
com órgãos públicos. Mas isso incomoda alguns bancos
pequenos", diz Caffarelli.
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