São Paulo, sexta-feira, 07 de outubro de 2011

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Anatel sofre derrota com o SuperCade

Agência de telecomunicações perde poder com reestruturação do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência

Caso seja sancionada, lei exigirá aval prévio do Cade para fusões e aquisições e prazos para envio de processos

JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO
LORENNA RODRIGUES
DE BRASÍLIA

A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) saiu prejudicada com a aprovação do projeto de lei que define a reestruturação do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência. A votação ocorreu na quarta-feira.
Caso a nova lei seja sancionada pela presidente Dilma, a Anatel será obrigada a entregar as instruções dos atos de concentração no setor (fusões ou aquisições) em um prazo definido.
Entre os processos analisados em 2010 pelo Cade, os ministérios da Fazenda e da Justiça gastaram, em média, 92 dias para enviar cada processo ao órgão. A Anatel precisou de 1.159 dias, em média.
O parecer da Anatel em relação ao surgimento da GVT chegou ao Cade nove anos após o início da operação comercial da companhia. A compra da TVA pela Telefônica, um negócio fechado em 2006, levou cinco anos.
O presidente da Anatel, Ronaldo Sardenberg, tinha trabalhado para que o Senado mantivesse as atribuições da agência. Na quarta, a Câmara não somente derrotou o pleito da agência como também decidiu que os assuntos relacionados a reajustes também podem passar pela Seae (Secretaria de Assuntos Econômicos), órgão subordinado à Fazenda. Hoje, a Anatel define os reajustes sozinha.

ESTRATÉGIA PARA VETO
A Folha apurou que, ontem, Sardenberg e o conselheiro João Rezende já preparavam a estratégia para conseguir o veto da presidente Dilma por intermédio do ministro Paulo Bernardo (Comunicações). Consultada, a Anatel não quis se manifestar. A lei que cria o SuperCade demorou sete anos para ser aprovada. A principal mudança é que o Cade passará a julgar as operações antes de elas se concretizarem. Uma empresa não poderá comprar a outra, por exemplo, sem o aval prévio.
"A grande preocupação é se isso não vai virar um entrave para fazer negócio no Brasil, se o órgão vai estar aparelhado, se vai ter pessoal", afirma a advogada Fabiola Cammarota de Abreu, especialista em direito concorrencial.
A ex-secretária adjunta de Direito Econômico Ana Paula Martinez, hoje advogada do escritório Levy & Salomão, critica a falta de um prazo menor para a análise de processos mais simples.
No texto original, havia a previsão de que esses casos fossem analisados em 20 dias. "A gente não pode trocar um sistema ineficiente por outro", diz a advogada.


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