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Brasil importa alta tecnologia chinesa
Exportador de produtos baratos, gigante vira fornecedor de bens sofisticados para empresas como Vale e CSN
Principal exportadora à China, Vale comprou 12 navios de um estaleiro privado; CSN, itens para fábrica de aço da Cisdi
FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM
Já não são só lojas de R$
1,99 que compram produtos
"made in China". Exportador
de bugigangas de qualidade
duvidosa, o gigante asiático
agora se transforma em fornecedor de produtos de alta
tecnologia para algumas das
maiores empresas do país.
Principal exportadora brasileira à China, a Vale comprou 12 navios de carga do estaleiro privado Rongsheng,
um negócio de US$ 1,6 bilhão. Cada embarcação terá
capacidade para 400 mil toneladas de minério de ferro,
um recorde. A encomenda,
de 2008, fica pronta até 2012.
"As pessoas me diziam:
"Você está louco? Construir
algo totalmente diferente na
China?'", afirmou o presidente da Vale, Roger Agnelli,
em entrevista coletiva em
Xangai, há um mês. "Eu dizia: "Não, estamos felizes"."
Já a CSN fechou neste ano
uma compra de US$ 280 milhões em equipamentos da
empresa de engenharia estatal Cisdi para duas novas fábricas voltadas à produção
de aços longos. É a segunda
vez que a siderúrgica brasileira compra dessa estatal.
"Hoje, eles detêm tecnologia de ponta no setor", justificou o diretor-presidente da
CSN, Benjamin Steinbruch,
em abril, sobre a Cisdi, subsidiária da MCC (Corporação
Metalúrgica da China, na sigla em inglês) que tem um escritório no Brasil e uma lista
de clientes no país que inclui
Gerdau, MMX e Cosipa.
MÃO DE OBRA
A China também demonstra ter mão de obra qualificada. Em março, a Petrobras recebeu no Rio a primeira plataforma cilíndrica do mundo
para um contrato de seis
anos. Ela foi construída na
China pelo estaleiro estatal
Cosco Qidong, sob encomenda da norueguesa Sevan Marine, que detém a tecnologia.
A presença de tecnologia e
equipamentos chineses no
Brasil pode se estender em
breve ao setor ferroviário, já
que um consórcio do país
disputa o fornecimento do
trem-bala entre SP e RJ.
"A China está passando
por um salto tecnológico",
afirma o embaixador brasileiro na China, Clodoaldo
Hugueney. "É semelhante ao
que aconteceu no Japão nos
anos 1960: daqui a pouco, os
produtos chineses deixarão
de ser vistos como de má
qualidade para serem considerados de ponta."
Principal parceiro comercial do Brasil, a China tem
uma pauta diversificada de
exportação ao país, com predominância de manufaturados. Já o Brasil praticamente
não exporta manufaturados
à China e tem sua pauta de
exportação concentrada em
minério de ferro e em soja.
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