São Paulo, sexta-feira, 08 de julho de 2011

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Estrangeiros elevam 'apostas' na desvalorização da Bolsa e do dólar

Contratos futuros de câmbio e da Bolsa mostram tendência; governo sinaliza que pode agir no segmento

Dólar fecha a R$ 1,558 e acumula queda de 6,5% no ano; principal índice da Bolsa tem baixa de 10% no período

EPAMINONDAS NETO
DE SÃO PAULO

Investidores estrangeiros reforçaram nos últimos meses suas "apostas" na desvalorização da Bolsa brasileira e da taxa de câmbio doméstica, conforme mostram números do mercado futuro da BM&FBovespa.
Por meio dos chamados "contratos futuros" e derivativos, um grande investidor pode especular com os preços dos ativos, assumindo posições "vendidas" (em que ganham com a baixa das cotações) ou "compradas" (nas quais ganham com a alta), no jargão de mercado. Dessa forma, no dólar futuro, o total dos contratos na ponta de "venda" saltou de 222.175 em julho para 241.756 em janeiro de 2011 e para 286.539 no início deste mês, considerando apenas os investidores não residentes.
O governo já deu pistas de que está atento a esses números: o ministro Guido Mantega (Fazenda) sinalizou que novas medidas para conter a valorização cambial terão por alvo esses instrumentos. Ontem, o dólar caiu 0,8%, para R$ 1,558. No ano, a moeda apresenta recuo de 6,5%.
Quadro semelhante aparece no segmento de Ibovespa futuro: os contratos em aberto na mão de estrangeiros aumentaram de 45.445 em julho de 2010 para 62.947 em janeiro e para 141.897 na quarta.
Essas "posições" no mercado futuro são flexíveis e podem ser desfeitas praticamente a qualquer momento, mas nem por isso deixam de sinalizar uma percepção dos agentes financeiros.
Luiz Eduardo Portella, especialista do Banco Modal, sugere que as grandes posições dos estrangeiros no mercado futuro também podem ser uma saída para fugir dos impostos mais altos.
Mas ele pondera também que o estrangeiro pode não estar muito otimista a respeito das perspectivas da Bolsa. "O cenário externo continua muito complicado, e já vemos projeções para a inflação [doméstica] subindo novamente", diz. Em 2011, o Ibovespa tem queda de quase 10%.
Para Caio Sasaki, analista técnico da corretora Interfloat, o dólar somente tem chances de reverter o viés predominante de baixa se as cotações ficarem acima de R$ 1,61.


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