|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Doações a escolas são pouco desenvolvidas no Brasil
PAULA LEITE
EDITORA-ASSISTENTE DE MERCADO
Uma atividade tradicional
nos Estados Unidos, o levantamento de fundos por universidades junto a empresas
e ex-alunos ainda não é bem
desenvolvido no Brasil.
A dificuldade das instituições de ensino em receber e
usar dinheiro externo esbarra em oposição ideológica,
no caso das universidades
públicas, e na falta de preparo, de tradição e de áreas dedicadas ao "fundraising", no
caso das privadas.
Nas universidades norte-americanas, longe de ser só
uma "ajudinha", as doações
de ex-alunos, fundações e
empresas são um item importante da receita.
Esses recursos respondem
por entre 14% e 17% da receita total, segundo Leonel Cezar Rodrigues, pesquisador e
professor da Uninove especializado em administração
universitária pela Universidade Vanderbilt (EUA).
Já no Brasil, cerca de 90%
da receita das universidades
privadas vem das mensalidades pagas pelos alunos; no
caso das públicas, porcentagem semelhante vem do Estado, segundo Rodrigues,
que estuda o assunto do
"fundraising" com sua mulher, a também pesquisadora
Valéria Riscarolli.
"No Brasil, o "fundraising"
é visto como uma espécie de
esmola para resolver os problemas da instituição e não
como um instrumento de
apoio da comunidade à universidade", diz ele.
Elson Valim Ferreira, diretor-executivo da Fundação
Dom Cabral, em Belo Horizonte, acredita que a falta de
incentivo fiscal também inibe doações a universidades.
Para a professora Zilla
Bendit, responsável pela
área de captação da Fundação Getulio Vargas de São
Paulo, é necessário ter uma
área específica responsável
pelo levantamento de doações e transparência sobre
como elas são utilizadas.
Bendit diz acreditar que a
chave do sucesso no "fundraising" está em conhecer
os doadores, estabelecer relacionamentos e reconhecê-los. "Não posso pedir dinheiro e depois abandonar", explica ela, que diz que a captação da FGV se multiplicou
por cinco desde 2000.
PARCERIAS
Um dos obstáculos à expansão das doações a universidades no Brasil é o espectro
da possível interferência dos
doadores na pesquisa ou no
ensino da instituição.
Mas, em algumas escolas
de negócios, os recursos e a
aproximação das empresas
são bem-vindos.
Na FGV, existem as chamadas cadeiras patrocinadas, em que uma empresa
patrocina uma disciplina eletiva, diz Bendit.
"É proveitoso para a universidade, pois as empresas
trazem práticas do mercado", afirma ela, que diz, porém, que não existe interferência no currículo.
Na Dom Cabral, são feitas
parcerias com empresas para
a pesquisa de temas de interesse das companhias.
Nas universidades públicas, a relação não é tão harmoniosa. Em maio, doações
causaram polêmica na Faculdade de Direito da USP.
Ex-alunos haviam levantado
mais de R$ 2 milhões para a
reforma de salas, duas das
quais foram batizadas com o
nome dos doadores.
No entanto, alunos e professores questionaram a decisão e os ex-alunos pararam
de arrecadar fundos.
Texto Anterior: China prioriza ensino profissionalizante Próximo Texto: Frase Índice
|