São Paulo, domingo, 08 de agosto de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ANÁLISE

Universidades dos Estados Unidos administram bilhões

Fundos diversificam seus investimentos apostando em "private equity" e buscam retorno acima dos de mercado

GISELA GASPARIAN
ESPECIAL PARA A FOLHA

As grandes universidades norte-americanas, como Harvard, Yale ou Princeton, não são públicas.
São universidades privadas que têm como principal fonte de renda rendimentos de "endowments" (fundos), e não mensalidades.
O "endowments" são peças fundamentais para manter a indiscutível excelência acadêmica das universidades, servindo não apenas para pagar as despesas correntes, mas também para oferecer salários bons a professores ou renovar a infraestrutura no campus. Os recursos também servem para oferecer bolsas de estudo aos alunos -estudar em uma das grandes universidades americanas custa em torno de US$ 45 mil por ano. Por fim, grande parte da verba de pesquisa das universidades vem desses fundos.
Para dar uma ideia do tamanho desses fundos, o "endowment" de Harvard atualmente é de US$ 25 bilhões (depois de perder quase US$ 10 bilhões devido à crise financeira). Yale possui US$ 16 bilhões e Stanford e Princeton possuem, cada uma, US$ 12 bilhões.

LIQUIDEZ
Desde que Yale passou a investir em ativos menos tradicionais como fundos de "private equity" (capital privado que compra empresas ou participações nelas), as grandes universidades passaram a diversificar seus investimentos. Hoje, entre 2% e 20% dos fundos de universidades são investidos em ativos financeiros como fundos de "venture capital" (capital de risco) e "private equity". Como os "endowments" têm como objetivo maximizar o retorno e o valor do fundo no longo prazo, a pressão por liquidez é menor do que para outros fundos. Assim, eles podem investir nesses ativos financeiros menos líquidos, que normalmente têm ciclos entre 5 e 10 anos de maturidade.

GESTÃO E RETORNOS
Os fundos das grandes universidades americanas, como Harvard e Yale, antes da crise de 2008 possuíam, normalmente, retornos sobre o investimento muito maiores do que a média do mercado (12,3% contra 4,4% em 2005, por exemplo). Esses retornos acima da média apenas aumentaram o tamanho dos fundos das grandes universidades.
As razões para esses retornos superiores à média do mercado são, entre outros fatores, o ótimo conselho de administração de recursos que essas grandes universidades possuem, composto normalmente por ex-alunos que têm carreira de sucesso no mercado financeiro. Além disso, os incentivos dos gestores desses fundos são desenhados de maneira a maximizar o retorno do fundo no longo prazo: os bônus de performance são pagos pelo retorno no longo prazo e não semestralmente ou anualmente, como ocorre nos outros fundos.
Apesar de não serem públicas, as instituições divulgam seus investimentos e rendimentos anualmente.


GISELA GASPARIAN é mestre em administração pública pela Harvard Kennedy School


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: No balcão do leão: Minha história Maria Helena Cotta Cardozo, 54
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.