|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ANÁLISE
Universidades dos Estados Unidos administram bilhões
Fundos diversificam seus investimentos apostando em "private equity" e buscam retorno acima dos de mercado
GISELA GASPARIAN
ESPECIAL PARA A FOLHA
As grandes universidades
norte-americanas, como
Harvard, Yale ou Princeton,
não são públicas.
São universidades privadas que têm como principal
fonte de renda rendimentos
de "endowments" (fundos),
e não mensalidades.
O "endowments" são peças fundamentais para manter a indiscutível excelência
acadêmica das universidades, servindo não apenas para pagar as despesas correntes, mas também para oferecer salários bons a professores ou renovar a infraestrutura no campus.
Os recursos também servem para oferecer bolsas de
estudo aos alunos -estudar
em uma das grandes universidades americanas custa em
torno de US$ 45 mil por ano.
Por fim, grande parte da verba de pesquisa das universidades vem desses fundos.
Para dar uma ideia do tamanho desses fundos, o "endowment" de Harvard atualmente é de US$ 25 bilhões
(depois de perder quase
US$ 10 bilhões devido à crise
financeira). Yale possui
US$ 16 bilhões e Stanford e
Princeton possuem, cada
uma, US$ 12 bilhões.
LIQUIDEZ
Desde que Yale passou a
investir em ativos menos tradicionais como fundos de
"private equity" (capital privado que compra empresas
ou participações nelas), as
grandes universidades passaram a diversificar seus investimentos.
Hoje, entre 2% e 20% dos
fundos de universidades são
investidos em ativos financeiros como fundos de "venture capital" (capital de risco) e "private equity".
Como os "endowments"
têm como objetivo maximizar o retorno e o valor do fundo no longo prazo, a pressão
por liquidez é menor do que
para outros fundos.
Assim, eles podem investir
nesses ativos financeiros menos líquidos, que normalmente têm ciclos entre 5 e 10
anos de maturidade.
GESTÃO E RETORNOS
Os fundos das grandes
universidades americanas,
como Harvard e Yale, antes
da crise de 2008 possuíam,
normalmente, retornos sobre
o investimento muito maiores do que a média do mercado (12,3% contra 4,4% em
2005, por exemplo).
Esses retornos acima da
média apenas aumentaram o
tamanho dos fundos das
grandes universidades.
As razões para esses retornos superiores à média do
mercado são, entre outros fatores, o ótimo conselho de
administração de recursos
que essas grandes universidades possuem, composto
normalmente por ex-alunos
que têm carreira de sucesso
no mercado financeiro.
Além disso, os incentivos
dos gestores desses fundos
são desenhados de maneira a
maximizar o retorno do fundo no longo prazo: os bônus
de performance são pagos
pelo retorno no longo prazo e
não semestralmente ou
anualmente, como ocorre
nos outros fundos.
Apesar de não serem públicas, as instituições divulgam seus investimentos e
rendimentos anualmente.
GISELA GASPARIAN é mestre em
administração pública pela Harvard
Kennedy School
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: No balcão do leão: Minha história Maria Helena Cotta Cardozo, 54 Índice
|