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Executivo cria "corretora" para ONGs
Instituto seleciona projeto adequado ao perfil do investidor, audita organizações e presta contas como banco
Hoje, 40 organizações contam com o apoio de 20 investidores e R$ 2 mi em recursos; há 226 ONGs cadastradas
CAROLINA MATOS
DE SÃO PAULO
"Com que periodicidade
quer receber relatórios? Qual
é o meio de comunicação
preferido: e-mail, telefone fixo ou celular?"
Essas perguntas poderiam
estar no formulário de relacionamento de um banco
com o seu cliente. Mas fazem
parte de um questionário para definir a estratégia de comunicação de uma ONG com
seus investidores.
A forma de trabalho do
Instituto Azzi -que faz a
ponte entre projetos sociais e
potenciais financiadores-
está longe do estereótipo do
terceiro setor.
A sede, na zona sul de São
Paulo, tem o ar de formalidade da sala de reunião de uma
gestora de recursos.
E a proposta de atuação
também segue uma linha
mais "empresarial".
O instituto busca, em São
Paulo e na região metropolitana, os projetos sociais mais
adequados ao perfil de cada
um dos investidores que
agrega: sempre pessoas físicas de alto poder aquisitivo.
AUDITORIA DE ONGs
"As ONGs são selecionadas segundo critérios como
qualidade de gestão, transparência, solidez e impacto
social", diz Marcos Flávio Azzi, fundador do instituto.
Aos 37 anos de idade, e no
comando do instituto há dois
anos e meio, Azzi tirou a metodologia de trabalho da sua
experiência profissional.
Ex-sócio da corretora Hedging-Griffo (comprada pelo
Credit Suisse em 2006), o administrador de empresas trabalhou por 13 anos vendendo
fundos de investimento ao
mesmo público que, hoje,
quer relacionar à filantropia.
Ainda na corretora, quando oferecia os produtos financeiros, Azzi aproveitava
para conversar com os clientes sobre os projetos sociais
que desenvolviam.
"Percebi que as ações nesse sentido não tinham compromisso de longo prazo",
diz. "Minha intenção aqui é
que os investidores contribuam para algo com que se
identifiquem, em uma relação duradoura", completa.
Hoje, o instituto tem cadastradas 226 ONGs de diversas atividades, sendo 40 delas apoiadas por 20 investidores, com um volume total
de R$ 2 milhões alocados.
O instituto possui quatro
funcionários. Azzi não recebe remuneração.
A estrutura é mantida com
um orçamento anual de
R$ 400 mil -recursos do próprio empresário.
"Desde que comecei a me
envolver com trabalhos sociais, destino 3% do meu patrimônio a isso todos os
anos", diz Azzi, que não pensa mais em voltar a atuar em
empresas.
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