São Paulo, domingo, 08 de agosto de 2010

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Executivo cria "corretora" para ONGs

Instituto seleciona projeto adequado ao perfil do investidor, audita organizações e presta contas como banco

Hoje, 40 organizações contam com o apoio de 20 investidores e R$ 2 mi em recursos; há 226 ONGs cadastradas

CAROLINA MATOS
DE SÃO PAULO

"Com que periodicidade quer receber relatórios? Qual é o meio de comunicação preferido: e-mail, telefone fixo ou celular?"
Essas perguntas poderiam estar no formulário de relacionamento de um banco com o seu cliente. Mas fazem parte de um questionário para definir a estratégia de comunicação de uma ONG com seus investidores.
A forma de trabalho do Instituto Azzi -que faz a ponte entre projetos sociais e potenciais financiadores- está longe do estereótipo do terceiro setor.
A sede, na zona sul de São Paulo, tem o ar de formalidade da sala de reunião de uma gestora de recursos.
E a proposta de atuação também segue uma linha mais "empresarial".
O instituto busca, em São Paulo e na região metropolitana, os projetos sociais mais adequados ao perfil de cada um dos investidores que agrega: sempre pessoas físicas de alto poder aquisitivo.

AUDITORIA DE ONGs
"As ONGs são selecionadas segundo critérios como qualidade de gestão, transparência, solidez e impacto social", diz Marcos Flávio Azzi, fundador do instituto.
Aos 37 anos de idade, e no comando do instituto há dois anos e meio, Azzi tirou a metodologia de trabalho da sua experiência profissional.
Ex-sócio da corretora Hedging-Griffo (comprada pelo Credit Suisse em 2006), o administrador de empresas trabalhou por 13 anos vendendo fundos de investimento ao mesmo público que, hoje, quer relacionar à filantropia.
Ainda na corretora, quando oferecia os produtos financeiros, Azzi aproveitava para conversar com os clientes sobre os projetos sociais que desenvolviam.
"Percebi que as ações nesse sentido não tinham compromisso de longo prazo", diz. "Minha intenção aqui é que os investidores contribuam para algo com que se identifiquem, em uma relação duradoura", completa.
Hoje, o instituto tem cadastradas 226 ONGs de diversas atividades, sendo 40 delas apoiadas por 20 investidores, com um volume total de R$ 2 milhões alocados.
O instituto possui quatro funcionários. Azzi não recebe remuneração.
A estrutura é mantida com um orçamento anual de R$ 400 mil -recursos do próprio empresário.
"Desde que comecei a me envolver com trabalhos sociais, destino 3% do meu patrimônio a isso todos os anos", diz Azzi, que não pensa mais em voltar a atuar em empresas.


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