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Brasil é 6º em potencial de crescimento
Índice do Banco Asiático de Desenvolvimento mede emergentes mais promissores a partir da pauta de exportações
Variedade e sofisticação de produtos são itens avaliados; "Brasil ainda não tem Samsungs", diz professor de Harvard
Wen Zi/ImagineChina/France Presse
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Chongqing, a maior região metropolitana da China: asiático lidera índice
ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO
O Brasil está entre os dez
países emergentes com
maior capacidade de acelerar seu ritmo de crescimento
e se desenvolver. A conclusão é de um estudo feito por
economistas do Banco Asiático de Desenvolvimento
(ADB na sigla em inglês).
O estudo considera quatro
características principais (e
algumas divisões das mesmas) na pauta de exportações: sofisticação; diversificação; características únicas
e potencial de vender outros
produtos com vantagem
comparativa para o exterior.
Do cruzamento dessas informações, do período entre
2001 e 2007, surgiu o Índice
de Oportunidades.
"A ideia do índice é que no
longo prazo a renda de um
país é determinada pela variedade e sofisticação dos
produtos que ele faz e exporta e pela acumulação de novas capacidades para desenvolver outros produtos", disse Jesus Felipe, economista
do ADB e coordenador do estudo, à Folha.
Entre os 130 países em desenvolvimento analisados, o
Brasil aparece em sexto lugar, atrás de China, Índia,
Polônia, Tailândia e México.
O Índice de Oportunidades
é inspirado em trabalhos de
economistas como Ricardo
Hausmann e Dani Rodrik, de
Harvard, que mostram que a
composição da pauta exportadora de um país influencia
sua capacidade de crescimento e desenvolvimento.
Segundo Felipe, os países
que estão bem posicionados
no índice são aqueles que
conseguiram ampliar e diversificar suas pautas de exportações em produtos mais elaborados (como máquinas e
químicos).
"A China desenvolveu
uma obsessão por industrialização. No caso do Brasil, as
políticas de substituição de
importações do passado ajudaram a construir capacidades para desenvolver certas
vantagens comparativas."
Dentre as categorias analisadas, o Brasil se destaca em
diversificação da pauta de
produtos sofisticados e potencial para desenvolver novos bens exportáveis.
A existência de uma grande variedade de produtos
competitivos no setor de máquinas também ajuda a explicar a boa colocação do
Brasil no ranking.
BOAS POLÍTICAS
Na conclusão do estudo,
os economistas ressaltam
brevemente que uma boa colocação não é garantia de sucesso. Dizem que "boas políticas e incentivos importam".
Em estudo de 2008 sobre o
Brasil, o próprio Hausmann
disse que o crescimento do
Brasil vinha sendo "surpreendentemente baixo",
considerando que o país tem
uma pauta exportadora sofisticada para sua renda. Esses dois fatores combinados
tendem a resultar em alta expansão econômica.
Em entrevista recente à
Folha, Hausmann reforçou o
ponto. Disse que o Brasil poderia ter uma posição de
maior destaque no comércio
global. Mas que esse potencial é prejudicado por políticas inadequadas que têm levado a uma excessiva valorização do real, criando o risco
de desindustrialização.
"A Samsung por exemplo
é uma empresa muito grande no Brasil, mas é coreana.
Não há muitas "Samsungs
brasileiras". Há a Vale e a Petrobras, mas o Brasil não
conseguiu sustentar um modelo de crescimento industrial que leve uma variedade
maior de empresas globais",
disse Hausmann.
Para Ernesto Lozardo, professor de economia da FGV,
o Brasil tem as condições necessárias para continuar se
transformando em uma economia de "competências
comparativas". Mas ressalta
que "a produção e a vocação" do país não se concentram em commodities.
O peso crescente de produtos básicos -e o correspondente declínio dos manufaturados- na pauta de
exportação brasileira tem estado no centro do debate
econômico atual.
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