São Paulo, quinta-feira, 08 de setembro de 2011

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Inflação de serviços encarece SP e Rio

Valorização do real, alta tributação e salários maiores incentivam brasileiros a fazer compras no exterior

Com pouca competição de importados e mais pressão de salários, inflação de serviços é a que mais cresce no país


DE SÃO PAULO

Levantamento feito pelo banco suíço UBS mostra que São Paulo e Rio de Janeiro entraram para o rol das cidades mais caras do mundo nos últimos oito anos.
A capital paulista, que era a 58ª cidade mais cara do mundo em 2003, já é a 19ª hoje, segundo o levantamento "Prices and Earnings" de agosto de 2011. No mesmo período, o Rio de Janeiro saltou da 62ª para a 26ª posição. São avaliados salários e custo de vida em 70 países.
Taxa de câmbio valorizada, crescimento da renda e aumento da carga tributária são os principais responsáveis pelo fato de o Brasil ter se tornado tão caro.
O índice Big Mac da revista "The Economist", que mede o poder de compra das diferentes moedas, aponta o real como a mais sobrevalorizada, 150% acima do que deveria. Hoje, a cotação está em cerca de R$ 1,65 por dólar. No pico da crise de 2008, um dólar chegou a valer R$ 2,40.
Com o real forte, os preços aqui, comparados com os do exterior, dão a ideia de que o Brasil está mais caro -são necessários mais dólares para fazer algo semelhante.
O ganho de renda é outro fator que encarece o país. Os salários no Brasil tiveram ganho real e mesmo acima do crescimento do PIB pelo menos desde 2006, e houve aumento no crédito, que passou de 24% do PIB em 2003 para os atuais 47%.
Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, diz que salários mais altos pressionam os preços por dois lados: da oferta e da demanda.
Pelo lado da oferta, serviços, que têm grande parte de seus custos provenientes de salários de funcionários, reajustam seus preços.
No lado da demanda, o crescimento da renda e a facilidade de acesso a crédito gera maior procura por bens e serviços, elevando preços.
Por fim, a alta carga de impostos vem piorando: era de 26% do PIB em 1995 e está em cerca de 37% hoje.
Os preços que mais sobem são os de serviços: a inflação do setor está em 8,92% no acumulado em 12 meses, enquanto o IPCA está em 7,23%.
"Os produtos sofrem a competição dos importados, que entram a preços mais baixos, por causa do dólar barato. Isso ajuda a conter os preços", diz Vale.
No caso de serviços, não há tanta competição -grande parte dos custos é mão de obra. (PATRÍCIA CAMPOS MELLO e JULIO WIZIACK)

FOLHA.com
Veja comentário sobre a política de turismo
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