São Paulo, sábado, 09 de julho de 2011 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
cifras & letras ENTREVISTA NAYAN CHANDA Crise é resultado da má gestão estatal, e não da globalização AUTOR INDIANO EXPLICA AS ORIGENS DAS ATUAIS CRISES ECONÔMICAS, COMO A VIVIDA PELA GRÉCIA
GUILHERME BRENDLER Folha - Pode-se comparar o que ocorreu há 5.000 anos, com os povos que migraram da África, e o atual conceito de globalização? Nayan Chanda - Sim. A globalização nasce do desejo de viver uma vida melhor e segura. Quando eles deixaram a África à procura de alimento e água, acabaram dando início a esse processo. É a mesma coisa que acontece hoje com os imigrantes do norte da África que cruzam o mar Mediterrâneo para chegar à Itália. Tudo pelo desejo de se tornar cidadão europeu e poder circular livremente à procura de emprego. Mas isso tem gerado conflitos na Europa, especialmente por causa da atual crise. Sim, mas liderar esses conflitos é a principal função de governos, da sociedade civil e da mídia. É natural que britânicos protestem contra a falta de empregos no Reino Unido e que reivindiquem empregos para britânicos, por exemplo. Mas, enquanto não nos dermos conta de que tudo aquilo que usufruímos é fruto do trabalho de alguém, e de que nós também produzimos bens e serviços para outras pessoas, não resolveremos esses conflitos. Por que a palavra globalização espanta muita gente? Porque virou sinônimo de maldição. Essa ideia é pregada por muitos teóricos, especialmente por uma vertente das escolas francesas de economia e de sociologia. É compreensível que quem perde seu emprego ou benefícios sociais, como no caso da Grécia, não queira saber como o governo lida com as relações globais. O que se quer saber mesmo é como vai conseguir um novo trabalho. No entanto, não é possível ter emprego se os produtos nacionais não forem vendidos no exterior e itens feitos lá fora sejam comprados. O caso da Grécia é emblematico. Não foram os cidadãos gregos que tomaram rios de dinheiro emprestado de bancos estrangeiros. Quem o fez foi o banco central. As crises são produzidas pela má administração estatal, e não pela globalização. SEM FRONTEIRA AUTOR Nayan Chanda EDITORA Record QUANTO R$ 62,90 (531 págs.) AVALIAÇÃO Bom Texto Anterior: Saiba mais: Fusão Lan/TAM ainda espera aval dos dois países Próximo Texto: Raio-X: Nayan Chanda Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |