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Escola pública inicia projeto de educação financeira
Piloto envolverá 15 mil estudantes em 6 Estados
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO
Estudantes de escolas públicas vão agora estudar orçamento doméstico, poupança, aposentadoria, seguros e financiamentos - assuntos que interessam a todos, mas que apavoram até
os pós-graduados.
A partir de hoje, 450 escolas públicas dos Estados de
São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Ceará, Tocantins
e do Distrito Federal iniciam
aulas do projeto-piloto de
educação financeira, que
pretende chegar a mais de
200 mil instituições de ensino oficial e erradicar o analfabetismo financeiro no país.
O piloto envolverá 15 mil
estudantes do ensino médio
em 2010 e 2011. No próximo
ano, o teste chegará a escolas
do ensino fundamental.
Com a ajuda de entidades
do mercado de capitais, os
educadores desenvolveram
conteúdos de educação financeira para todas as nove
séries do ensino fundamental e as três do ensino médio.
Os professores que levarão
o conteúdo para a sala de aula foram treinados no primeiro semestre deste ano.
Não haverá mais uma disciplina na sala de aula; o conteúdo será distribuído nas
aulas de matemática, história, ciências sociais e até português. Quem decide a disciplina é a escola.
No Brasil, a matemática financeira e os juros compostos só são ensinados na universidade, apesar de o conteúdo ser mais simples do
que aspectos da álgebra e da
trigonometria, que estão no
currículo do ensino médio.
PREPARO FINANCEIRO
Segundo José Alexandre
Vasco, superintendente da
CVM (Comissão de Valores
Mobiliários), a educação financeira nas escolas é incentivada pela OCDE (Organização para a Cooperação e o
Desenvolvimento Econômico) e faz parte do currículo
escolar de mais de 60 países.
"Temos novos consumidores que estão enfrentando situações para as quais não foram preparados. Seus pais
não viveram essa realidade.
Há uma responsabilidade
moral da sociedade de ajudar
essas pessoas", disse.
Para medir o impacto das
aulas na vida dos alunos, as
entidades de mercado buscaram ajuda financeira e técnica do Banco Mundial, que
também está preocupado
com essa deficiência nos países em desenvolvimento.
Depois de aplicado o conteúdo nas primeiras 450 escolas, os alunos e as famílias
serão submetidos a pesquisa
para avaliar a retenção de conhecimento e eventuais mudanças de comportamento
na gestão de recursos.
A avaliação será feita com
alunos de outras 450 escolas
que não tiveram o conteúdo.
Com base nos resultados,
o programa didático será
aperfeiçoado antes de ser
aplicado nas 200 mil escolas
da rede pública no país, a
partir de 2012. Só a avaliação
custará R$ 1 milhão.
"É uma metodologia parecida com os testes de um remédio. Metade da população
recebe o remédio e a outra
metade, o placebo", disse.
O projeto é iniciativa de
entidades do mercado de capitais como Febraban (bancos), Anbima (bancos e gestores) e BM&FBovespa e dos
reguladores CVM, BC, Susep
(seguros) e Previc (previdência), que traçaram uma estratégia nacional de educação
financeira, com supervisão
do Ministério da Educação.
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