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commodities
Na contramão do setor, Minerva diz estar pronto para aquisições
Presidente do terceiro maior frigorífico do país diz que está no momento certo para compras
Depois de ver rivais crescerem com apoio do BNDES, frigorífico quer aproveitar momento
de ativos mais baratos
TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO
O frigorífico Minerva -terceiro maior em capacidade
de abate no país, atrás dos gigantes JBS e Marfrig- optou
nos últimos anos pelo caminho oposto ao de seus concorrentes.
Enquanto seus rivais
anunciavam aquisição após
aquisição, a empresa escolheu o crescimento orgânico,
ou seja, expandir os negócios
a partir de sua estrutura, praticamente sem compras de
ativos de terceiros.
A estratégia deixou o Minerva fora da mídia e com alto grau de endividamento -a
relação entre dívida líquida e
Ebitda (lucro antes de juros,
impostos, depreciação e
amortização) foi maior que
seis vezes há um ano.
Os investimentos em ativo
imobilizado, ao contrário das
compras, demoram para resultar em geração de caixa.
Com os novos projetos entrando em operação, o balanço financeiro começou a melhorar. O Ebitda ficou em R$
62 milhões no segundo trimestre, ante R$ 53 milhões
do trimestre anterior e R$ 44
milhões há 12 meses. A relação desse indicador com a dívida caiu para quatro vezes.
Com a casa arrumada e
com a saída de JBS e Marfrig
das compras -ambos precisam transformar as aquisições em retorno para o acionista-, o presidente do Minerva, Fernando Galletti de
Queiroz, avalia que o momento para aquisições pode,
finalmente, estar perto.
"Crescemos organicamente na hora em que todo mundo estava fazendo aquisições, e agora temos uma plataforma pronta para fazer
compras, em um momento
em que há disponibilidade
de ativos interessantes", disse Queiroz em entrevista à
Folha, sem citar nomes.
Após a euforia pela qual o
setor passou nos últimos
anos, os possíveis alvos de
aquisição estariam mais baratos, já que há poucos candidatos à compra.
Para Queiroz, esse cenário
mostra que o Minerva se preparou para o "timing correto". "Estratégia não é só o
que você vai fazer, mas também quando vai fazer."
BNDES
Apesar de o BNDES ter sido responsável pela forte e
meteórica expansão de seus
concorrentes, o presidente
do Minerva não tem queixas
contra o banco de fomento.
"Não acessamos isso [financiamento do BNDES para
aquisições] porque a nossa
estratégia de crescimento foi
diferente", afirma, com o cuidado de não avaliar a situação de seus rivais. E acrescenta: "Ter o BNDES apoiando empresas nacionais é
sempre positivo".
Queiroz -um jovem executivo que comanda uma
empresa familiar profissionalizada- avalia que o setor
de frigoríficos deve caminhar
para um modelo semelhante
ao existente no mercado de
soja, comandado por quatro
empresas em todo o mundo.
"Em soja, a consolidação
foi feita por empresas internacionais, por razões de
acesso a capital. Em carnes, o
passo que o Brasil está dando
é bastante interessante",
compara.
RETORNO
No momento em que o
mercado financeiro coloca
em xeque a estratégia de
crescimento dos líderes JBS e
Marfrig, o desempenho das
ações do Minerva também
vai na contramão dos rivais.
O papel acumula alta de
15% em 2010, ante queda de
21% no do JBS e de 10% no do
Marfrig. O Ibovespa cai 2%
no ano. Segundo analistas, o
desempenho acompanha a
melhora no resultado operacional da empresa.
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