São Paulo, sexta-feira, 09 de setembro de 2011

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Estoque de veículos chega ao maior nível desde 2008

Unidades paradas, sem demanda nos pátios, equivalem a 37 dias de vendas

Produção bate recorde em agosto, chegando a 325,3 mil automóveis, comerciais leves, ônibus e caminhões

TATIANA RESENDE

DE SÃO PAULO

Os pátios das concessionárias e das montadoras ficaram ainda mais cheios em agosto, com o estoque de veículos atingindo 398,8 mil unidades, o equivalente a 37 dias de vendas, considerando o ritmo atual.
Esse período é o maior desde novembro de 2008 (56 dias), no auge da crise econômica, segundo a Anfavea, a associação das montadoras. Os estoques elevados levaram várias montadoras a conceder folgas coletivas.
Na fábrica da Ford em Camaçari, na Bahia, por exemplo, os funcionários vão parar de trabalhar na segunda-feira e retornam somente em 10 de outubro.
Na unidade da GM em São José dos Campos (SP), onde 300 empregados tiveram férias por duas semanas, houve uma paralisação na terça-feira para reivindicar 17,45% de reajuste salarial.
A proposta da empresa é de 9,4% a partir de novembro e um abono de R$ 2.000. As negociações entre o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e a montadora continuam hoje.
Para o presidente da Anfavea, Cledorvino Belini, o setor está "vivendo um ajuste no crescimento".
Apesar desses dados, a produção de veículos montados, que engloba automóveis, comerciais leves, ônibus e caminhões, bateu recorde em agosto (325,3 mil unidades), considerando todos os meses da série histórica.
Belini explica a incongruência dizendo que a programação foi feita com antecedência. "Se não fizermos e tivermos mercado, [a montadora] pode perder 'market share' [participação nas vendas]", diz.
Luiz Carlos Mello, coordenador do CEA (Centro de Estudos Automotivos), afirma que as grandes encomendas aos fornecedores são feitas com até cinco meses de antecedência, com possibilidade de revisão entre 60 e 90 dias antes do recebimento.
"Além disso, os fabricantes preferem correr o risco [de ter estoques elevados] a não ter produto", afirma.
O crescimento nas vendas vem sendo sustentado pelo emplacamento de importados, que cresceu 28,6% em agosto em relação a igual período no ano passado, ante queda de 0,7% nos licenciamentos de veículos novos produzidos no país.
A maior parte desses carros, no entanto, é trazida pelas próprias montadoras instaladas no país, principalmente da Argentina e do México, com os quais há acordos para isenção do Imposto de Importação de 35%.

INCENTIVO FISCAL
Sobre as negociações com o governo para definir quais empresas vão se beneficiar da redução de IPI até julho de 2016, Belini diz somente que há uma "convergência" entre os associados da Anfavea, mirando inovação, tecnologia e nacionalização de peças.
"Existe uma negociação para saber qual a melhor maneira para acelerar a competitividade", afirma.


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