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Mantega e Meirelles defendem acordo global sobre câmbio
Nos EUA, onde ocorre a reunião do FMI, brasileiros dizem ser a favor de entendimento até o encontro do G20, em Seul
Brasileiros fazem crítica
cautelosa à China, sua
aliada em encontros globais e principal alvo de pressão mundial
LUCIANA COELHO
ENVIADA ESPECIAL A WASHINGTON
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
As duas principais autoridades econômicas brasileiras defenderam em Wa-
shington um acordo multilateral sobre câmbio.
A ideia é que os países
atuem de forma sincronizada
para regular suas divisas e
evitar o que o ministro Guido
Mantega (Fazenda) chamou
de "guerra de moedas".
Mas, enquanto o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, dizia que tal
acordo era "desejável", mas
pouco provável no curto prazo, Mantega se dizia otimista.
Os dois estão na capital americana para a reunião do Fundo Monetário Internacional.
Segundo Meirelles e Mantega, no entanto, o fórum
mais adequado para um
acordo seria o G20, e não o
FMI. Os chefes de Estado do
grupo de 20 dos países mais
ricos do mundo se reúnem
em novembro em Seul.
"Podemos ter algo parecido com os acordos Plaza",
disse Mantega, citando o
pacto para reajustar as moedas, fechado em 1985 por Japão, EUA, França, Reino Unido e Alemanha Ocidental.
Os brasileiros insistiram
que o problema maior não é o
câmbio em si, mas sim o excesso de liquidez em dólares
trazido pelas medidas para
mitigar a crise em contraposição à alta taxa de poupança
dos chineses.
"É diferente das crises do
passado, resultado de câmbio controlado, moeda desequilibrada, excesso de endividamento em dólar", afirmou Meirelles.
O recado que ecoa do Brasil é que é apenas para "se defender" que os demais países
intervieram no mercado.
Meirelles sinalizou que o
BC continuará a atuar -o dólar está em R$ 1,667, menor
valor em mais de dois anos.
"O que não pode é o Brasil
pagar um preço excessivo pelo fato de estar indo bem, enquanto outros estão mal."
O presidente do BC disse
ainda ser cedo para calcular
o efeito do aumento desta semana na alíquota do IOF para estrangeiros.
ENTENDIMENTO
Meirelles elencou três passos para um acordo: "Promoção de consumo doméstico,
expansão de demanda doméstica por parte dos países
que estão mostrando excesso
de poupança e baixo consumo, e equilíbrio de maior
poupança dos países com excesso de consumo".
O discurso brasileiro não
deixa de mencionar constantemente o papel americano
na crise. Mas tem sido cautelosamente crítico à China,
sua aliada em grupos plurilaterais de negociação.
Analistas e autoridades
americanas têm afirmado
que o Brasil é menos vocal do
que poderia na pressão para
a China valorizar o yuan.
O discurso que tem sido repetido também nos outros
principais fóruns globais é o
de que os emergentes devem
assumir mais responsabilidades. Os emergentes dizem
que ainda precisam de espaço para se desenvolverem.
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