São Paulo, terça-feira, 09 de novembro de 2010

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China e EUA se atacam às vésperas do G20

Chineses criticam Fed; Obama diz que reativação americana "faria bem ao mundo" e condena superavit, em alusão ao país asiático

Para governo chinês, "mundo não precisa de mais capital, e sim de confiança'; cúpula começa na quinta

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

Às vésperas da cúpula do G20, China e EUA, as duas maiores economias mundiais, voltaram a mostrar divergências sobre a decisão do Fed (BC americano) de comprar US$ 600 bilhões em títulos do Tesouro como forma de estimular a economia.
Os EUA devem "se dar conta de sua responsabilidade e obrigações como país emissor de moeda de reserva e adotar políticas macroeconômicas responsáveis", disse ontem o vice-ministro Zhu Guangyao, em entrevista para apresentar a posição chinesa na cúpula do G20, que começa na quinta, em Seul.
Zhu disse que a medida do Fed provocará liquidez excessiva nos emergentes. Para ele, ao contrário de 2008, quando os EUA adotaram ação semelhante, o mundo "não precisa de mais capital, e sim de confiança".
A China rejeitou ainda a recente proposta americana de teto para superavit ou deficit em transações correntes. Para Zhu, os desequilíbrios mundiais ocorrem por motivos "estruturais", e a correção tomará tempo.
Além da China, Brasil, Rússia e Alemanha criticaram a decisão do Fed como mais um capítulo da guerra cambial, tema que estará no centro da cúpula em Seul.
"Os americanos acusam os chineses de manipular a moeda e logo, com a ajuda das impressoras de seu BC, baixam artificialmente o dólar", disse, no fim de semana, o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble.

BEM AO MUNDO
Em resposta à enxurrada de críticas, o presidente dos EUA, Barack Obama, defendeu ontem a decisão do Fed, cujas decisões são independentes do Executivo, ao dizer que a reativação da economia americana faria "bem ao mundo como um todo".
Em visita à Índia, Obama afirmou que "o pior que pode ocorrer na economia global, e não só na nossa, é se ficarmos sem crescimento ou com expansão muito limitada".
Obama voltou a defender um reequilíbrio mundial sobre superavit e deficit em transações correntes.
"Não podemos continuar numa situação em que alguns países mantêm enormes superavit [em alusão à China] e outros mantêm enormes deficit."
Ao lado do americano, o premiê indiano, Manmohan Singh, defendeu a proposta de melhor equilíbrio entre países com deficit e países com superavit, num sinal de que o Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) não atuará de forma coordenada no G20.


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