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China e EUA se atacam às vésperas do G20
Chineses criticam Fed; Obama diz que reativação americana "faria bem ao mundo" e condena superavit, em alusão ao país asiático
Para governo chinês, "mundo não precisa de mais capital, e sim de confiança'; cúpula começa na quinta
FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM
Às vésperas da cúpula do
G20, China e EUA, as duas
maiores economias mundiais, voltaram a mostrar divergências sobre a decisão
do Fed (BC americano) de
comprar US$ 600 bilhões em
títulos do Tesouro como forma de estimular a economia.
Os EUA devem "se dar
conta de sua responsabilidade e obrigações como país
emissor de moeda de reserva
e adotar políticas macroeconômicas responsáveis", disse ontem o vice-ministro Zhu
Guangyao, em entrevista para apresentar a posição chinesa na cúpula do G20, que
começa na quinta, em Seul.
Zhu disse que a medida do
Fed provocará liquidez excessiva nos emergentes. Para
ele, ao contrário de 2008,
quando os EUA adotaram
ação semelhante, o mundo
"não precisa de mais capital,
e sim de confiança".
A China rejeitou ainda a recente proposta americana de
teto para superavit ou deficit
em transações correntes. Para Zhu, os desequilíbrios
mundiais ocorrem por motivos "estruturais", e a correção tomará tempo.
Além da China, Brasil,
Rússia e Alemanha criticaram a decisão do Fed como
mais um capítulo da guerra
cambial, tema que estará no
centro da cúpula em Seul.
"Os americanos acusam os
chineses de manipular a
moeda e logo, com a ajuda
das impressoras de seu BC,
baixam artificialmente o dólar", disse, no fim de semana,
o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble.
BEM AO MUNDO
Em resposta à enxurrada
de críticas, o presidente dos
EUA, Barack Obama, defendeu ontem a decisão do Fed,
cujas decisões são independentes do Executivo, ao dizer
que a reativação da economia americana faria "bem ao
mundo como um todo".
Em visita à Índia, Obama
afirmou que "o pior que pode
ocorrer na economia global,
e não só na nossa, é se ficarmos sem crescimento ou com
expansão muito limitada".
Obama voltou a defender
um reequilíbrio mundial sobre superavit e deficit em
transações correntes.
"Não podemos continuar
numa situação em que alguns países mantêm enormes superavit [em alusão à
China] e outros mantêm
enormes deficit."
Ao lado do americano, o
premiê indiano, Manmohan
Singh, defendeu a proposta
de melhor equilíbrio entre
países com deficit e países
com superavit, num sinal de
que o Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) não atuará de
forma coordenada no G20.
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