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COMMODITIES
Sem compradores, trigo encalha no PR
São quase 500 mil toneladas de safras passadas; Faep diz que custo de produção é de R$ 33, mas mercado paga R$ 23
Entre os entraves para
o encalhe, estão a alta carga tributária e a falta de logística para levar o trigo aos consumidores
DIMITRI DO VALLE
DE CURITIBA
Cerca de 500 mil toneladas
de trigo estão "encalhadas"
em armazéns do Paraná, o
maior produtor nacional do
cereal. A quantia corresponde a 16% do total produzido
por ano no Estado e a 8% da
produção nacional do grão.
De acordo com a Faep (Federação da Agricultura do
Estado do Paraná), o produto
acumulado é de safras passadas e não tem comprador no
país, que importa cerca de
metade do consumo, principalmente da Argentina.
A Faep aponta uma série
de entraves para o encalhe:
carga tributária elevada e falta de logística para levar o
produto de navio para zonas
consumidoras (como Norte e
Nordeste), além de pouca intervenção do governo em leilões para garantir preço mínimo competitivo ao trigo.
Dado da Faep aponta que
o custo da saca de trigo está
em R$ 33, mas o preço de
mercado não passa de R$ 23.
O cenário negativo vem
em um momento de aumento
da produção do setor no Paraná, bastante castigado em
2009 pelas chuvas que causaram a quebra da safra.
O aumento de produção
estimado pelo Deral (Departamento Econômico Rural,
vinculado à Secretaria Estadual da Agricultura) para este ano será de 11% em comparação ao ano passado.
DESESTÍMULO
Mesmo com maior produtividade, o economista Pedro
Loyola, da Faep, vê na menor
área plantada um sinal claro
de que o produtor está desistindo de investir no trigo devido ao baixo preço e a entraves envolvendo a cultura.
A lavoura ainda continua
sendo mantida, segundo Loyola, por questões técnicas
de preparo do solo, cujo objetivo é ajudar a combater
doenças e a preservar a terra
para culturas de outras épocas do ano, como a soja. O
início da colheita do trigo está previsto para julho.
"Hoje é mais fácil arrumar
um navio que sai de Buenos
Aires para desembarcar o trigo de lá no Brasil do que uma
embarcação que possa alcançar o mercado interno
saindo do porto de Paranaguá", compara o economista.
Por meio da assessoria, o
Ministério da Agricultura informou que não iria se pronunciar sobre os problemas
relatados pelos triticultores.
Em Cafelândia (536 km de
Curitiba), no oeste do Paraná, cerca de 70 mil toneladas
de trigo de safras passadas
estão armazenadas em silos e
armazéns da cooperativa Copacol. Para 2010, são esperadas mais 80 mil toneladas.
"Com a previsão de crescimento de safra neste ano,
não sei como vai ficar para
armazenar a produção nova
e de outras culturas. Vamos
ter de alugar mais armazéns,
mas está difícil", diz Rubens
Sales, gerente da divisão de
unidades da Copacol.
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