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ANÁLISE PECUÁRIA LEITEIRA
Com "Balde Cheio", produção de leite aumenta até 15 vezes
MARCO AURÉLIO BERGAMASCHI
ESPECIAL PARA A FOLHA
O desempenho da pecuária leiteira nacional ainda é
sofrível, apresentando baixos índices de produtividade
por animal e por área.
Mesmo com os progressos
dos últimos anos e apesar de
possuirmos tecnologias para
todas as regiões do Brasil, estas chegam de modo incipiente à maioria dos produtores de leite.
A principal razão disso é a
ausência de uma estrutura
de assistência técnica, capacitada e competente, para o
produtor rural, principalmente o pequeno proprietário familiar, importante elo
da cadeia produtiva do leite.
Devido à reduzida produtividade e à baixa remuneração obtida no mercado, boa
parte dos produtores está desmotivada.
Para reverter esse quadro,
a Embrapa Pecuária Sudeste
(São Carlos, SP) criou e vem
desenvolvendo o Projeto
"Balde Cheio".
O principal objetivo do
projeto é viabilizar economicamente a propriedade leiteira, pela incorporação de tecnologias que permitam a redução de custos e a maior
produtividade por área e por
animal, mas com métodos inovadores.
O diferencial é a forma de
trabalho, que consiste na capacitação de técnicos e de
produtores, com a transformação das propriedades em
"salas de aula" onde ocorrem os treinamentos.
As tecnologias são propostas, discutidas e é combinado um plano de implantação.
Os encontros são frequentes
e a propriedade é assistida
durante quatro anos, ficando
depois independente.
O sítio fica sob monitoramento permanente de um
técnico da extensão rural
-com supervisão de um pesquisador da Embrapa- e é
aberto a visitações.
Essa metodologia inovadora supera muitos dos problemas normalmente enfrentados na transferência, para
o campo, do conhecimento
gerado nas instituições de
pesquisa.
Alguns resultados obtidos
com o Projeto "Balde Cheio"
são a obtenção de lucro em
propriedades que antes eram
deficitárias, o aumento da
renda do pequeno produtor,
a redução do êxodo rural e o
aumento de 12 a 15 vezes da
produção de leite por hectare
por ano.
Cerca de 90% dos produtores conseguiam produção
diária inferior a 80 litros no
início dos trabalhos. Após a
incorporação ao projeto, passaram a produzir de 300 a
1.000 litros por dia.
Os pecuaristas assistidos
são pequenos produtores
que estavam a ponto de
abandonar a atividade e que
hoje estão numa situação
confortável.
"Ninguém vai ficar rico
com pequena produção de
leite, mas o pequeno produtor pode multiplicar sua renda, sair da pobreza, usar tecnologia e gerência, viver dignamente e com conforto",
como costuma dizer Artur
Chinelato de Camargo, coordenador do projeto.
MARCO AURÉLIO BERGAMASCHI é
médico-veterinário, doutor e supervisor do
Sistema de Leite da Embrapa Pecuária
Sudeste.
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