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Gargalos ameaçam compras da Petrobras no Brasil
Falta de tecnologia e dificuldade em elevar escala produtiva prejudicam programa de estímulo a aquisições
VERENA FORNETTI
DO RIO
O programa da Petrobras
para estimular a compra de
produtos e serviços brasileiros esbarra na falta de tecnologia dos fabricantes e na dificuldade de elevar a escala
de produção a curto prazo.
Segundo o coordenador-executivo do Prominp (Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo
e Gás Natural), José Renato
Ferreira de Almeida, em alguns casos, as empresas têm
dificuldades de absorver tecnologia que já está madura
em outros países.
Em outros, os empresários
não conseguem fornecer para a estatal por falta de uma
simples bancada de testes.
Embora a Petrobras tenha
aumentado significativamente o percentual das compras no Brasil desde 2003, a
aceleração dos investimentos coloca em dúvida a capacidade de as empresas acompanharem o ritmo da demanda da gigante do petróleo.
"A gente está chegando ao
limite da capacidade de produção. Tem gente que daqui
a pouco não vai conseguir
atender", diz o coordenador.
Apesar dos problemas, ele
diz que muitos gargalos podem ser resolvidos logo. Até
a semana que vem, potenciais fornecedores podem
apresentar projetos em parceria com universidades e
instituições ao Finep (programa federal de incentivo à
pesquisa), que destinará R$
130 mi para desenvolver tecnologia para o setor.
"[Muitas dificuldades] estão mais voltadas para a eficiência produtiva do que para desenvolver produtos novos", destaca Almeida.
APAGÃO NA ENGENHARIA
Para Alberto Machado, da
Abimaq (associação dos fabricantes de máquinas), a indústria nacional ainda sofre
as consequências do apagão
da engenharia dos anos
1990, quando a abertura comercial ameaçou os fabricantes, que não estavam preparados para competir com
as indústrias do exterior.
"Temos que recuperar
nossa engenharia rapidamente. Senão teremos dificuldade para aumentar o
conteúdo nacional na área
de petróleo e gás", afirma.
Sobre a necessidade de
ampliar a produção, Machado diz que muitas empresas
estão operando em um turno
só e estão dispostas a investir
se sentirem segurança nos
planos da estatal.
As incertezas sobre a capitalização da empresa, porém, intimidam os investimentos, dizem representantes dos empresários.
Para o coordenador do
Prompinp, a Petrobras não
tem percebido hesitações.
Ele também ressalta que o
BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social) deve ser indutor
dos investimentos nacionais.
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