São Paulo, terça-feira, 10 de agosto de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cidade diminui força policial e desativa postes de iluminação

DO "NEW YORK TIMES"

Foi quando as luzes de rua se apagaram, conta Diane Cunningham, que os problemas começaram.
Os pneus de seu carro foram cortados e alguém invadiu o veículo. Homens desconhecidos surgiram na varanda de sua casa. O bairro em que ela mora se tornou um deserto, à noite, desde que quatro postes de iluminação seguidos foram desativados.
Era esse o motivo para que Cunningham, 41, e seu filho Jonathan, 22, estivessem carregando um televisor para fora de seu trailer. "Vou penhorar a TV e comprar uma espingarda", ela disse.
Não se pode afirmar com segurança que a escuridão tenha contribuído para qualquer dos acontecimentos que assustaram os Cunningham.
Mas, desde que Colorado Springs (no Estado do Colorado) desativou um terço de seus 24,5 mil postes de iluminação, no começo do ano, para economizar US$ 1,2 milhão em eletricidade, e ao mesmo tempo reduziu sua força policial, muitos dos moradores passaram a se sentir menos seguros.

A polícia, que deteve diversos suspeitos, disse que não há indicação de que a iluminação tênue tenha influenciado o crime ou, de fato, quaisquer outros crimes em Colorado Springs, que continua a ser mais segura que a maioria das cidades de tamanho semelhante.
Mas esse pode ser um caso em que as percepções importam tanto quanto a realidade, segundo as autoridades.
"Os sociólogos vêm dizendo há anos que o que importa para as pessoas não é, de fato, o número de crimes reportados, mas a percepção de segurança", diz o chefe de polícia da cidade, Richard Myers.
Ele disse estar preocupado com a possibilidade de que os cidadãos ordeiros deixem de sair à noite ou ir aos parques, o que poderia levar os espaços públicos desocupados a atrair mais criminosos.
Para reduzir o deficit orçamentário (os eleitores da cidade votaram contra um aumento no imposto predial em outubro do ano passado), Colorado Springs deixou de recolher o lixo em seus parques e praças, de irrigar os gramados nas ilhas das avenidas e cortou sua força policial.
A cidade, com 400 mil moradores em 485 quilômetros quadrados, já tinha chamado a atenção ao leiloar os helicópteros da polícia.
Mas os cortes no número de policiais, menos alardeados, podem ter mais impacto: a polícia local, que tinha 687 membros há dois anos, caiu para 643 integrantes -e as reduções vão prosseguir.
E o número de detetives que investigam crimes patrimoniais também caiu, bem como o de policiais na proteção de escolas. As unidades que rastreavam delinquentes juvenis e apanhavam fugitivos foram desativadas.


Texto Anterior: Governos cortam serviços nos EUA
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.