São Paulo, quinta-feira, 10 de novembro de 2011

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McDonald's esconde Big Mac na Argentina

Sanduíche some da publicidade e vira produto de segunda; para analistas, rede atendeu a pressões do governo

Empresa nega "acordo de preços" e diz que os valores são "fixados de acordo com a estratégia de marketing"

LUCAS FERRAZ
DE BUENOS AIRES

O McDonald's está presente em 120 países, mas em pelo menos dois o Big Mac não é o carro-chefe da rede. Na Índia, por causa da tradição hindu de não comer carne de vaca, foi criado o Maharaja Mac, de frango. Na Argentina, o sanduíche virou produto de segunda e desapareceu da publicidade.
Não há nas lanchonetes de Buenos Aires propagandas do sanduíche. Ele foi deixado de lado pela linha Angus, cujo combo custa o dobro (40 pesos, ou R$ 17). No concorrente Burger King, o similar do Big Mac é o Whopper Doble. O combo é vendido por 37 pesos (cerca de R$ 15).
Segundo analistas, a suspeita é que a rede tenha desvalorizado o preço para atender às pressões do governo, que controla produtos para não impactar na inflação.
A rede nega "acordo de preços" e informa que os valores são "fixados segundo a estratégia de marketing". O Indec (o IBGE argentino) não confirma, mas o Big Mac seria um dos itens consultados pelo instituto, sob a rubrica "consumo de sanduíches fora do lar", no cálculo da taxa oficial de inflação, suspeita de ser manipulada. A Casa Rosada diz que o índice é de 9%, enquanto consultorias estimam em 25%.
"Essa é uma tentativa clara de ocultar o preço real. E há vários outros artigos que estão com o preço controlado", disse a consultora Graciela Bevacqua, do Buenos Aires City, instituto da Universidade de Buenos Aires.
Ex-diretora do Indec, Bevacqua disse que o valor do Big Mac sempre foi consultado para calcular a inflação.
Para economistas, um segundo motivo é sugerir uma paridade cambial com o dólar, que não existe há pelo menos uma década. De acordo com o índice Big Mac calculado pela "The Economist", o lanche argentino (US$ 4,84) vale quase o mesmo que o norte-americano (US$ 4,07).
A Secretaria de Comércio Interior, órgão responsável por acompanhar os preços, não quis se manifestar.


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