São Paulo, terça-feira, 11 de janeiro de 2011

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ANÁLISE SAFRA

Argentina é peça-chave para o mercado da soja neste início de ano

FERNANDO MURARO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O mercado da soja começou 2011 bastante volátil. Já na primeira sessão do ano, no dia 3, os contratos negociados na Bolsa de Chicago fizeram novas máximas, com alguns deles operando acima de US$ 14 por bushel (27,2 quilos).
No mesmo dia, porém, logo após a alta inicial, as cotações desabaram, para então caírem novamente no dia seguinte, subirem com força no outro e voltarem a tombar no encerramento da semana.
Tanto sobe e desce deveu-se, pelo lado dos fundamentos de oferta e demanda, às dúvidas em relação à safra da Argentina.
No final de 2010, as cotações do grão dispararam por conta do tempo seco e muito quente no país, o que dificultou o término do plantio e prejudicou o desenvolvimento das lavouras já semeadas.
A expectativa de quebra da safra argentina provoca alta nos preços porque, com menos soja saindo de lá, a tendência é de que haja maior pressão dos importadores sobre os estoques dos Estados Unidos, que já são bastante baixos, e também sobre os do Brasil, que por enquanto vai consolidando mais uma boa safra.
Confirmada uma grande produção por aqui, e havendo perdas na Argentina, as exportações brasileiras tendem a ganhar novo impulso. Em 2009, ano de quebra histórica no país vizinho, as vendas externas brasileiras cresceram quase 15%.
Com a chegada de 2011, contudo, os termômetros caíram e algumas chuvas foram registradas na Argentina. Como ainda falta umidade, uma quebra de safra ainda é perfeitamente possível, mas o fato é que o calor dos ânimos provocado pelo clima desfavorável diminuiu um pouco, pelo menos por ora.
De todo modo, já é praticamente unânime a opinião de que a produção ficará abaixo de 50 milhões de toneladas, contra expectativa inicial de 52 a 55 milhões de toneladas.

OUTRAS DÚVIDAS
Além da Argentina, outras dúvidas contribuem para a volatilidade. Uma delas tem a ver com os fundos de in- vestimento.
Com uma posição comprada gigante, que lhes garante a posse de mais da metade dos contratos em aberto da soja em Chicago, eles têm gordura de sobra para queimar caso decidam se reposicionar no mercado, o que resultaria em pressão negativa sobre os preços.
Rumores nesse sentido circularam na primeira semana do ano, contribuindo para o recuo das cotações.
De todo modo, quem aposta na continuidade da tendência de alta da soja tem um trunfo na manga: a disputa por área na safra 2011/12 dos Estados Unidos. Amanhã, o Usda (Departamento de Agricultura americano) divulga sua primeira estimativa de área plantada com trigo de inverno.
Quanto maior for essa área -e há indícios de que ela será grande-, mais acirrada será a batalha por espaço entre milho e soja, cujo plantio começa em abril.

FERNANDO MURARO JR. é engenheiro agrônomo e analista de mercado da AgRural Commodities Agrícolas.


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