São Paulo, segunda-feira, 11 de abril de 2011

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ANÁLISE

Operadoras e governo devem buscar solução em conjunto

MARIA INÊS DOLCI
COLUNISTA DA FOLHA

Saúde e previdência social serão os dois problemas mais graves do Brasil em médio e longo prazos, fortemente impactados pelo aumento da longevidade.
Para fechar esse círculo, o custo é cada vez maior, em função de novas tecnologias para curar ou reduzir os efeitos das doenças mais graves.
A equação é difícil de resolver em um país no qual os usuários já são expulsos dos planos de saúde aos 50 anos, por mensalidades insuportáveis. Aqui envelhecemos antes de enriquecer.
As operadoras de planos de saúde reclamam dos encargos que recebem da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), como procedimentos acrescidos bienalmente no rol de atendimento. E a ANS devolve a responsabilidade a elas, que teriam de aperfeiçoar sua gestão.
Não podemos esquecer que o Brasil investe cerca de 8% do Produto Interno Bruto (PIB) em saúde, mas só 3,5% do PIB na rede pública. Esse jogo de empurra só traz insegurança para o consumidor.
Os idosos centralizam as preocupações do governo e da iniciativa privada, porque quem vive muito tende a ter mais doenças graves, vai mais ao médico e faz mais exames e cirurgias.
A ANS já sinalizou estudar um novo tipo de plano, que uniria assistência médica e previdência privada. Haveria acumulação da mensalidade em um fundo de capitalização individual, que ajudaria a custear os gastos com saúde após os 60 anos.
Pode ser uma boa proposta, desde que acoplada a compensações fiscais e tributárias para reduzir custos.
O que não há é uma saída que envolva só governo ou operadoras. Todos terão de elaborar sugestões e ceder, pois pessoas com mais de 60 anos serão determinantes como eleitores e consumidores.
Não poderão ser ignorados nem tratados como fardos pesados por encarecerem as contas públicas e privadas.
Os cidadãos também terão de se cuidar mais, para não sofrer com doenças provocadas pelo estilo de vida.
Logo, a solução depende de mudanças de costumes, transparência, estudos e flexibilidade dos envolvidos.
Um desafio e tanto!

MARIA INÊS DOLCI, advogada formada pela USP com especialização em business, é especialista em direito do consumidor e coordenadora institucional da ProTeste Associação de Consumidores


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