São Paulo, sexta-feira, 11 de junho de 2010

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Brasil perde espaço em venda para China

Aumento das exportações brasileiras não acompanha ritmo da média das compras do seu principal parceiro

Nos EUA, aumento do superavit chinês fez crescerem pressões para que governo tome medidas contra o yuan

ÁLVARO FAGUNDES
DE SÃO PAULO

As vendas da China para o exterior cresceram expressivamente em maio, mostrando que seu comércio ainda não foi afetado pela crise na Europa. Para o Brasil, porém, as notícias não foram tão positivas, já que perdeu espaço no comércio com a China.
Tanto as exportações como as importações cresceram 48%, o que permitiu à China ter um superavit de US$ 19,5 bilhões -US$ 17,8 bilhões mais que em abril.
Esse aumento no superavit deve aumentar as pressões norte-americanas para que Pequim permita a valorização do yuan (a moeda chinesa), que está atrelado ao dólar desde meados de 2008, o que facilita as exportações do país asiático.
Com o Brasil, no entanto, os resultados são bem diferentes. As vendas de produtos chineses cresceram mais que o dobro da média global (110%), enquanto as exportações brasileiras para seu principal parceiro comercial não acompanharam o mesmo ritmo, avançando 25%.
Essa disparidade, ainda que não tenha tornado o comércio deficitário para o lado brasileiro, fez com que o país perdesse espaço nas importações chinesas. As vendas brasileiras representaram 2,3% de tudo que a China comprou nos cinco primeiros meses deste ano -essa participação era de 2,53% no mesmo período de 2009.
Até maio, o Brasil mantém superavit de US$ 4,2 bilhões com a China, valor que é 6% inferior ao registrado no mesmo período de 2009.
O Brasil compra da China principalmente produtos industrializados, como máquinas, motores e dispositivos de LCD. Já a venda brasileira é formada, em sua maioria por produtos básicos (minério, soja, frango etc.) e semimanufaturados (celulose).

MOTIVOS
Para o presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior, Roberto Segatto, a composição dos itens que o Brasil exporta para a China explica por que as vendas do país se aceleraram menos.
Isso porque, diz, a China não está mantendo o mesmo nível de estoque de produtos agrícolas e minerais devido em parte à crise Europa.
Ele afirma que a alta nas exportações é explicada em parte pelo dólar barato, que facilita a aquisição de itens chineses, como motores usados nos vidros de carros.
"Para produzir aqui, com a carga tributária perto de 40%, fica mais barato comprar da China."
Na semana passada, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o problema principal nas relações comerciais é a desvalorização do dólar e não a da moeda chinesa.
Nos EUA, porém, a questão do yuan desvalorizado voltou ontem a ganhar força. O Senado ameaça aprovar lei que restringe as importações de produtos chineses.
O secretário do Tesouro, Timothy Geithner, defendeu no Senado que o superavit da China com os EUA caiu pela metade e que as exportações americanas estão crescendo.


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