São Paulo, sexta-feira, 11 de junho de 2010

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commodities

Vazamento causa temor de calote da BP

Primeiro-ministro David Cameron diz que o Reino Unido está pronto a ajudar a BP em seus esforços de limpeza

No fechamento do pregão ontem em Londres, ações caíram 6,7%; cotação foi a mais baixa desde 1997

DO "FINANCIAL TIMES"

As ações da BP despencaram à mais baixa cotação em 13 anos, e o custo de seguro sobre seus títulos de dívida subiu a um pico recorde em meio ao temor dos mercados financeiros de que a empresa possa não sobreviver intacta à crise no golfo do México.
Os "credit default swaps" (CDS) da BP, uma forma de seguro contra o risco de que uma empresa dê calote em suas dívidas, atingiram níveis que os analistas dizem indicar classificação como "junk bonds".
As ações da BP caíram à mais baixa cotação desde 1997, mostrando declínio de mais de 12% em Londres, antes de fechar em 3,65 libras esterlinas -queda de 6,7%.
"A principal preocupação quanto a isso, evidentemente, é determinar se existe um risco real de calote", disse Simon Ballard, estrategista de crédito da RBC. "O mercado precisará ser convencido de que a empresa será capaz de sobreviver intacta."
Os analistas dizem que preços como esses no mercado de CDS apontam para uma classificação de crédito da ordem de BB, enquanto os papéis da companhia, por enquanto, ainda ostentam classificação AA.
Surgiu a informação de que um dos maiores acionistas da BP, a Scottish Widows Investment Partnership, reduziu sua participação na empresa para cerca de 1,3%.
O grupo era o quarto maior investidor na BP e agora se tornou o oitavo, de acordo com a compiladora de dados Thomson One.
Alguns investidores acreditam que as perspectivas de rápida recuperação do vazamento de petróleo são reduzidas. Mas outros afirmam que a reação do mercado é exagerada.
A reação severa do mercado surgiu no momento em que a empresa expressava alarme ante a retórica "inapropriada" e cada vez mais agressiva que vem sendo empregada contra a BP pelo presidente Barack Obama.
Adotando tom mais brando, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou ontem que o governo do Reino Unido estava pronto para ajudar a BP em seus esforços de limpeza e que compreendia perfeitamente a frustração norte-americana.
Falando durante uma visita a Cabul, ele declarou que discutiria a "catástrofe ambiental" com Obama, em conversa telefônica marcada para o final de semana.
As preocupações da comunidade empresarial britânica surgiram em meio a uma inquietação crescente existente no Reino Unido.
O temor é sobre a possibilidade de que os ataques à BP, por sua condução no caso do vazamento de petróleo, estejam sendo ditados por motivos políticos relacionados à eleição legislativa norte-americana de novembro próximo, e não por considerações regulatórias normais.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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