São Paulo, sexta-feira, 11 de junho de 2010

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VAIVÉM

MAURO ZAFALON - mauro.zafalon@uol.com.br

Preço da laranja sobe, mas desafio continua

A caixa de laranja subiu 44% nesta safra (valor em dólar) e está sendo negociada a US$ 6,67, a maior média anual registrada pelo Cepea desde que a instituição iniciou o acompanhamento do valor de contratos, em 2001.
Os produtores vão receber entre R$ 9 e R$ 15 das indústrias por caixa de 40,8 quilos para a matéria-prima a ser entregue nesta safra.
"É um preço bom, mas vem depois de um período difícil e sem rentabilidade para o setor", diz Margarete Boteon, pesquisadora do Cepea e especialista em citricultura.
Na avaliação dela, boa parte dos produtores está descapitalizada.
Mesmo com essa melhora dos preços, os produtores não terão fôlego para investimentos e para recuperação adequada dos pomares, afetados por doenças, principalmente pelo "greening", que avança cada vez mais no Estado de São Paulo.
A alta ocorre devido à menor produção de laranja tanto em São Paulo como na Flórida (EUA) e à recuperação dos preços em Nova York.
As indústrias paulistas devem moer 250 milhões de caixas, 13% menos do que em 2009. Na Flórida, a produção recua para 131 milhões de caixas, 19% menos do que na safra anterior.
Olhando para a frente, a citricultura tem um grande desafio, na avaliação de Boteon. Há redução de área, os custos aumentam com a chegada de novas pragas e mesmo os produtores mais eficientes terão dificuldades com a produção.
Além de tudo isso, há o desafio de manter em alta os preços mundiais do suco de laranja, mesmo com uma demanda que não é crescente.
Os próximos anos serão de desafios, na avaliação da pesquisadora. "O cenário de médio e longo prazos serão complicados e apresentam riscos", diz ela.
O desafio pode não ser o mesmo para todos os produtores. Em algumas áreas, principalmente nas mais afetadas por doenças, os custos de produção serão maiores.
Alguns casos já indicam que o combate ao "greening" exige até 12 pulverizações, representando R$ 1 por caixa de laranja produzida.

Sussurros O mercado brasileiro de soja comenta reservadamente que a China poderá voltar a adotar a tática de mandar de volta navios para o Brasil. Motivo: cresceram as importações e, por isso, querem derrubar preços.

Já começou Os argentinos já vivem o drama. Após colocar barreiras na compra de óleo de soja dos vizinhos, os chineses ameaçam não comprar soja em grãos.

Preocupação Os fornecedores de insumos da França estão preocupados. As dificuldades do setor aumentaram após a crise europeia, com o preço da terra caindo e a demanda recuando.

Abandono Esse cenário corrobora pesquisa de março da FNSEA (federação de sindicatos do setor agrícola da França), que indicava que 13% devem abandonar a atividade em 12 meses.

Subsídios O abandono não é maior porque a posse da terra é a porta de entrada para os subsídios recebidos.

Irã Em tempos de sanções, os iranianos ficam com 20% das exportações de carne brasileira. Nos cinco primeiros meses deste ano, os iranianos compraram 110 mil toneladas equivalentes carcaça, ao valor de US$ 289 milhões, segundo a Abiec.

Mais milho Os EUA consumirão 117 milhões de toneladas de milho para a produção de álcool. O volume supera os 112 milhões de maio.


Com KARLA DOMINGUES


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