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Aumento da importação reduz alta dos preços
Elevação do IPCA foi controlada pela expansão de produtos de fora, diz LCA
Preços de produtos estrangeiros têm menor alta devido ao real valorizado e ao excesso de oferta no mundo
MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO
O forte aumento das importações está ajudando a
manter a inflação sob controle, apesar da elevada expansão da demanda doméstica.
Segundo dados do BC
(Banco Central), a inflação
dos produtos comercializáveis (aqueles que são vendidos globalmente, como eletrônicos, carros e commodities) acumulada em 12 meses
era de 2,58% em julho.
Bem abaixo, portanto, da
variação geral de preços de
4,6% registrada para o período pelo IPCA - índice oficial
que mede a inflação no país.
Já a inflação dos não comercializáveis (principalmente serviços, como dentista, hotel, cinema) era de
6,98% no período. Esses produtos sofrem impacto menor
dos preços externos.
O economista-chefe da
LCA Consultores, Bráulio
Borges, considera que a alta
da importação é o principal
fator que mantém a inflação
no centro da meta do BC
(4,5%), o que permitiu que o
ciclo de alta de juros fosse interrompido neste mês.
Estudo da LCA Consultores obtido pela Folha mostra
que o IPCA estaria mais alto
se a importação não tivesse
crescido nos últimos anos.
No primeiro semestre de
2010, a participação de bens
industriais importados no
consumo dos brasileiros era
de 18,1%, ante 15,7% na primeira metade de 2009. Esses
itens representam quase
90% de nossas importações.
Se o peso dos importados
no consumo brasileiro continuasse como nos primeiros
nove meses de 2008 (16% do
total), pré-crise mundial, o
estudo diz que a inflação dos
comercializáveis seria de
4,3%, bem maior que os 2,6%
atingidos neste ano.
Com isso, o IPCA do período teria ficado em 5,4%, em
vez dos 4,6% registrados efetivamente. Anteontem, foi divulgado que o índice caiu para 4,49% em agosto.
COMPETIÇÃO
Borges explica que a inflação dos itens comercializáveis foi menor não só porque
diversos produtos importados estão mais baratos, mas
também devido ao aumento
da competição enfrentada
pelo produto nacional.
"Com o aumento da concorrência, o produtor nacional tem menos espaço para
elevar preços. E a importação
de máquinas e insumos reduz os custos de produção."
Outro fator que contribui
para os importados ficarem
mais em conta é a variação
cambial. De julho de 2009 a
julho de 2010, a cotação média do dólar foi de R$ 1,78,
15% menor que a dos 12 meses anteriores (R$ 2,10).
Isso significa que os produtos trazidos do exterior ficaram mais baratos em real.
Mas importados têm registrado preços menores mesmo em moeda americana.
Segundo a Fundação Centro de Estudos do Comércio
Exterior, os preços em dólar
dos bens intermediários,
bens de consumo duráveis e
bens de capital importados
caíram, em média, 3% a
4,6% de janeiro a julho ante
o mesmo período de 2009.
Juntos, esses itens representam 78% da pauta de importações brasileira.
Segundo o economista do
Santander Maurício Molan, a
queda de preços ocorre porque o baixo avanço da demanda global provoca excesso de oferta no mundo. Como
o Brasil cresce acima da média, os exportadores direcionam os produtos para cá.
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