São Paulo, sábado, 11 de setembro de 2010

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Aumento da importação reduz alta dos preços

Elevação do IPCA foi controlada pela expansão de produtos de fora, diz LCA

Preços de produtos estrangeiros têm menor alta devido ao real valorizado e ao excesso de oferta no mundo

MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO

O forte aumento das importações está ajudando a manter a inflação sob controle, apesar da elevada expansão da demanda doméstica.
Segundo dados do BC (Banco Central), a inflação dos produtos comercializáveis (aqueles que são vendidos globalmente, como eletrônicos, carros e commodities) acumulada em 12 meses era de 2,58% em julho.
Bem abaixo, portanto, da variação geral de preços de 4,6% registrada para o período pelo IPCA - índice oficial que mede a inflação no país.
Já a inflação dos não comercializáveis (principalmente serviços, como dentista, hotel, cinema) era de 6,98% no período. Esses produtos sofrem impacto menor dos preços externos.
O economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, considera que a alta da importação é o principal fator que mantém a inflação no centro da meta do BC (4,5%), o que permitiu que o ciclo de alta de juros fosse interrompido neste mês.
Estudo da LCA Consultores obtido pela Folha mostra que o IPCA estaria mais alto se a importação não tivesse crescido nos últimos anos.
No primeiro semestre de 2010, a participação de bens industriais importados no consumo dos brasileiros era de 18,1%, ante 15,7% na primeira metade de 2009. Esses itens representam quase 90% de nossas importações.
Se o peso dos importados no consumo brasileiro continuasse como nos primeiros nove meses de 2008 (16% do total), pré-crise mundial, o estudo diz que a inflação dos comercializáveis seria de 4,3%, bem maior que os 2,6% atingidos neste ano.
Com isso, o IPCA do período teria ficado em 5,4%, em vez dos 4,6% registrados efetivamente. Anteontem, foi divulgado que o índice caiu para 4,49% em agosto.

COMPETIÇÃO
Borges explica que a inflação dos itens comercializáveis foi menor não só porque diversos produtos importados estão mais baratos, mas também devido ao aumento da competição enfrentada pelo produto nacional.
"Com o aumento da concorrência, o produtor nacional tem menos espaço para elevar preços. E a importação de máquinas e insumos reduz os custos de produção."
Outro fator que contribui para os importados ficarem mais em conta é a variação cambial. De julho de 2009 a julho de 2010, a cotação média do dólar foi de R$ 1,78, 15% menor que a dos 12 meses anteriores (R$ 2,10).
Isso significa que os produtos trazidos do exterior ficaram mais baratos em real.
Mas importados têm registrado preços menores mesmo em moeda americana.
Segundo a Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior, os preços em dólar dos bens intermediários, bens de consumo duráveis e bens de capital importados caíram, em média, 3% a 4,6% de janeiro a julho ante o mesmo período de 2009.
Juntos, esses itens representam 78% da pauta de importações brasileira.
Segundo o economista do Santander Maurício Molan, a queda de preços ocorre porque o baixo avanço da demanda global provoca excesso de oferta no mundo. Como o Brasil cresce acima da média, os exportadores direcionam os produtos para cá.


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