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ANÁLISE PREÇOS
Alta da carne bovina puxa também a suína e a de frango
JOSÉ VICENTE FERRAZ
ESPECIAL PARA A FOLHA
Segundo levantamento
realizado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas), os preços da
carne bovina comercializada
nos supermercados da cidade de São Paulo, no trimestre
agosto a outubro, subiram,
em média 14,7%.
Nos açougues, a alta foi de
15,7%, com a inflação do período medida pelo IPCA sendo de 1,24%.
No mesmo sentido, a carcaça do frango inteiro subiu
21,8% no período analisado.
Na média dos dois principais cortes suínos (lombo e
costela), a alta de preço foi de
7,4% nos supermercados.
Cortes bovinos de consumo popular, como acém,
músculo e costela, subiram
12,9%, 12,2% e 21,2%, respectivamente, nos supermercados no período. Os cortes bovinos mais caros, como picanha, alcatra e filé-mignon,
subiram, respectivamente,
18,6%, 18,3% e 8,4%.
É preciso considerar que,
muitas vezes, o aumento relativo dos preços pode levar a
conclusões falsas, pois os
mesmos incidem sobre uma
base pequena.
Dessa forma, observa-se,
por exemplo, que o aumento
de 21,8% no preço da carcaça
de frango representou, de fato, aumento absoluto de R$
0,70 por quilo, enquanto o
aumento de 14,7% na média
dos cortes que compõem a
carcaça bovina representou
alta de R$ 1,73 por quilo.
A sincronia na elevação
dos preços das carnes mais
consumidas é bastante conhecida.
Diversos estudos comprovaram que a carne bovina,
muito provavelmente por ser
a preferida pelos consumidores brasileiros, é a responsável pela alta dos preços das
carnes de frango e suína -e
não o contrário.
Causou certa surpresa no
mercado a sustentação do
consumo de carne bovina
diante das altas.
Seguramente, a carne de
frango, com preços também
em alta, contribuiu para inibir eventuais substituições
na dieta dos consumidores.
A alta da renda, notadamente dos extratos da população de menor poder aquisitivo, pode, pelo menos em
parte, explicar o acontecido.
Esse poder de compra ganha um fator adicional no final de cada ano: o pagamento do 13º salário.
Assim, mesmo considerando que na época das festas natalinas cresce muito o
consumo de carnes alternativas, é muito provável que o
mercado ganhe mais fôlego
para manter o consumo interno de carne bovina.
Significa dizer que, diante
das atuais fortes restrições de
oferta, é quase certo que teremos um final de ano com preços bastante elevados não só
para a carne bovina, mas
também para as demais.
JOSÉ VICENTE FERRAZ é engenheiro-agrônomo e diretor técnico da AgraFNP.
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