São Paulo, quinta-feira, 11 de novembro de 2010

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ANÁLISE PREÇOS

Alta da carne bovina puxa também a suína e a de frango

JOSÉ VICENTE FERRAZ
ESPECIAL PARA A FOLHA

Segundo levantamento realizado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), os preços da carne bovina comercializada nos supermercados da cidade de São Paulo, no trimestre agosto a outubro, subiram, em média 14,7%.
Nos açougues, a alta foi de 15,7%, com a inflação do período medida pelo IPCA sendo de 1,24%. No mesmo sentido, a carcaça do frango inteiro subiu 21,8% no período analisado.
Na média dos dois principais cortes suínos (lombo e costela), a alta de preço foi de 7,4% nos supermercados.
Cortes bovinos de consumo popular, como acém, músculo e costela, subiram 12,9%, 12,2% e 21,2%, respectivamente, nos supermercados no período. Os cortes bovinos mais caros, como picanha, alcatra e filé-mignon, subiram, respectivamente, 18,6%, 18,3% e 8,4%.
É preciso considerar que, muitas vezes, o aumento relativo dos preços pode levar a conclusões falsas, pois os mesmos incidem sobre uma base pequena.
Dessa forma, observa-se, por exemplo, que o aumento de 21,8% no preço da carcaça de frango representou, de fato, aumento absoluto de R$ 0,70 por quilo, enquanto o aumento de 14,7% na média dos cortes que compõem a carcaça bovina representou alta de R$ 1,73 por quilo.
A sincronia na elevação dos preços das carnes mais consumidas é bastante conhecida.
Diversos estudos comprovaram que a carne bovina, muito provavelmente por ser a preferida pelos consumidores brasileiros, é a responsável pela alta dos preços das carnes de frango e suína -e não o contrário.
Causou certa surpresa no mercado a sustentação do consumo de carne bovina diante das altas.
Seguramente, a carne de frango, com preços também em alta, contribuiu para inibir eventuais substituições na dieta dos consumidores. A alta da renda, notadamente dos extratos da população de menor poder aquisitivo, pode, pelo menos em parte, explicar o acontecido.
Esse poder de compra ganha um fator adicional no final de cada ano: o pagamento do 13º salário. Assim, mesmo considerando que na época das festas natalinas cresce muito o consumo de carnes alternativas, é muito provável que o mercado ganhe mais fôlego para manter o consumo interno de carne bovina.
Significa dizer que, diante das atuais fortes restrições de oferta, é quase certo que teremos um final de ano com preços bastante elevados não só para a carne bovina, mas também para as demais.


JOSÉ VICENTE FERRAZ é engenheiro-agrônomo e diretor técnico da AgraFNP.


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