São Paulo, terça-feira, 12 de abril de 2011

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ANÁLISE

Consumidores estreantes partem para novos rumos

ANDRÉA NAKANE
ESPECIAL PARA A FOLHA

A pujança de consumo da classe C brasileira tem fortalecido a economia de bens e serviços. O setor de turismo e hospitalidade demonstra grande atratividade para esses novos consumidores.
As viagens tornaram-se realidade com facilidades de pagamentos e novas ofertas de roteiros.
Segundo dados do Banco Central e da Embratur, 2010 registrou a entrada recorde de dólares por meio dos gastos de turistas estrangeiros: US$ 5,9 bilhões em divisas.
Em compensação, os brasileiros deixaram no exterior impressionantes US$ 16,4 bilhões, gerando um deficit histórico na conta de turismo, de US$ 10,5 bilhões.
No ano anterior, os turistas haviam deixado US$ 5,3 bilhões no Brasil e os brasileiros gastaram US$ 10,9 bilhões lá fora. Ou seja, enquanto o primeiro índice cresceu cerca de 12%, o segundo aumentou 50%.
Os voos lotados para o exterior confirmam os números e demonstram que 2011 irá na mesma esteira. Mesmo com a previsão de um maior número de turistas estrangeiros, a emissão de turistas brasileiros ao exterior será muito acima dos prognósticos.
Esse movimento começou no final da década de 90 com uma declarada guerra tarifária das companhias aéreas e com a entrada de empresas com diretrizes "low cost".
O movimento ganhou força com a economia crescente, com a lei da cabotagem permitindo o turismo marítimo e a entrada dos cruzeiros pela costa brasileira e com pacotes acessíveis não só em baixa temporada.
Todo esse panorama resulta agora em um amadurecimento desse novo turista, que com a queda acentuada do dólar parte para novos rumos, mais distantes.
Há ainda muito glamour na realização de viagens internacionais, fato que colabora ainda mais com a atual realidade impulsionadora do turismo emissivo. Para atingir o atual patamar, foi necessária a criação de identidades e hábitos obtidos com o turismo doméstico.
Por isso, o turismo doméstico deve ficar atento para continuar ofertando roteiros diferenciados, para concorrer com esse momento do turismo internacional, com valores competitivos.
Hoje, por incrível que possa parecer, conseguem-se pacotes com custos inferiores para uma viagem à Argentina ou a Punta Cana do que para Noronha ou para a floresta amazônica.
O grande desafio para o "trade" turístico é tornar tão acessível o turismo doméstico quanto é o internacional.

ANDRÉA NAKANE é coordenadora do curso de turismo da Universidade Anhembi Morumbi.


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