São Paulo, terça-feira, 12 de abril de 2011

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Estudo avalia Infraero em R$ 4,5 bilhões

Cálculo de valor de mercado feito por engenheiro do ITA leva em conta expectativa de lucro e crescimento

Abertura de capital pode ser feita para resolver problema da falta de investimento nos aeroportos no país


MARIANA BARBOSA
DE SÃO PAULO

Se fosse vendida hoje, com os 67 aeroportos sob sua administração, a Infraero valeria cerca de R$ 4,5 bilhões.
A conta é do engenheiro recém-formado no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) Gabriel Meira, que trabalha na área de aber- tura de capital de um grande banco de investimentos estrangeiro.
Pelas suas contas, se o governo resolvesse vender apenas os três aeroportos de São Paulo (Guarulhos, Congonhas e Viracopos), arrecadaria algumas dezenas de milhões a mais.
Isso porque os três juntos geram um lucro maior do que todo o sistema Infraero, dado que muitos aeroportos são deficitários.
O valor de mercado da Infraero foi calculado com base na expectativa de lucro e de crescimento futuro da companhia. O valor equivale a 8,5 vezes o Ebitda (lucro antes do pagamento de juros, impostos, depreciação e amortização), estimado em R$ 519 milhões para 2011.
Meira, que fez o estudo para o ITA, mas já trabalhando no banco de investimentos, definiu um múltiplo de 8,5 a 8,7 com base em uma avaliação do valor de mercado de empresas similares em diferentes países e também de concessionárias de capital aberto que atuam no Brasil em outros setores, como portuário e ferroviário.
"A Infraero vem melhorando a sua lucratividade, e as perspectivas de crescimento do setor são muito boas", afirma Meira. "Isso atrai o investidor."

VENDA EM BLOCOS
O estudo considerou uma terceira alternativa que aumentaria ainda mais o valor de mercado dos ativos sob gestão da Infraero: a venda de seis aeroportos em dois blocos. Guarulhos e Santos Dumont foram avaliados em R$ 3,1 bilhões. Congonhas, Viracopos, Galeão e Brasília, em R$ 2,2 bilhões, totalizando R$ 5,3 bilhões.
O modelo financeiro proposto por Meira leva em conta a assinatura de contratos de concessão de longo prazo (pelo menos 30 anos) para a exploração desses aeroportos pela iniciativa privada.
A eventual abertura do capital da Infraero é uma das opções em análise pelo governo federal para resolver o problema da falta de investimento nos aeroportos.
Para conseguir atender a demanda da Copa de 2014, o governo promete investimentos de R$ 5,1 bilhões.
No ano passado, a Infraero tinha uma previsão de investir R$ 1,08 bilhão (entre recursos próprios e da União), mas foram investidos apenas R$ 645 milhões.
"É um investimento pífio considerando que estamos falando de 67 aeroportos", afirma Respício do Espírito Santo Júnior, professor de transporte aéreo da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Ele lembra que esse valor equivale a pouco mais da metade do que custará, ao governo do Rio, a reforma do Maracanã (R$ 1,1 bilhão).
Uma eventual abertura de capital da Infraero esbarra ainda na questão da urgência. Dependendo do grupo de aeroportos que entrariam no portfólio da Infraero na data da abertura, a preparação da companhia para o lançamento de ações poderia levar de dois a três anos, de acordo com especialistas.


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