São Paulo, quinta-feira, 12 de maio de 2011

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Dilma quer internacionalizar estatais

Mudança estatutária levará Correios e Eletrobras ao exterior; BNDES ajudaria a "turbinar" empresas do governo

Projeto quer estimular competição no setor de transporte de cargas e integração elétrica na América Latina

JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO

A presidente Dilma Rousseff já deu aval para que os Correios e a Eletrobras coloquem em prática seu plano de internacionalização.
Os Correios só aguardam a aprovação da medida provisória que definiu suas novas atribuições para modificar seu estatuto e dar início ao plano de internacionalização. Na Eletrobras, as alterações já ocorreram.
O projeto do governo é "turbinar" novas estatais, já que Banco do Brasil e Petrobras atingiram o limite de atuação no exterior.
Nos Correios, a ideia do governo é criar uma empresa aérea de transporte de cargas com atuação prioritária nos países da América.
Segundo Wagner Pinheiro, presidente da estatal, estão sendo feitos estudos para avaliar os melhores modelos de negócio e ainda não está definido quanto será investido nesse projeto.
Isso porque pode ser melhor adquirir participação em outras empresas aéreas de carga do que montar uma companhia. "Na Alemanha, a DHL tem os Correios como sócio", disse Pinheiro.
O projeto prevê entrega de encomendas e mercadorias entre os países.
Hoje os Correios possuem um terço desse mercado no Brasil e a meta é chegar a 45%, já que, com as mudanças, a estatal poderá competir com estrangeiras como UPS, DHL e FedEx, que, muitas vezes, compram empresas menores no país com boa carteira de clientes.
"As modificações permitirão ampliar nossa participação no mercado e elevar em 50% o faturamento até 2015, passando de R$ 20 bilhões."
Hoje, as compras feitas no exterior chegam aos Correios transportadas por empresas de carga estrangeiras. Só depois os Correios entram nesse circuito.
Com a mudança no estatuto, os Correios poderão controlar todas as fases dessa entrega.

USINAS FINANCIADAS
Na Eletrobras, o plano também é ambicioso. Dilma quer que a estatal seja pivô de um projeto de integração do sistema elétrico brasileiro com o dos países vizinhos.
As negociações estão avançadas. No Peru, a Eletrobras deverá construir seis hidrelétricas em parceria com empreiteiras brasileiras. As obras estão orçadas em R$ 24 bilhões e está previsto financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) em troca de que 80% da energia gerada seja incorporada ao sistema elétrico nacional.
Além do Peru, a Eletrobras já estuda a viabilidade de usinas na Argentina, na Colômbia, na Nicarágua, em El Salvador, na Costa Rica, na Guiana, na Bolívia e no Equador, entre outros.
Também planeja linhas de transmissão no Uruguai, Venezuela e a participação em empresas transmissão nos Estados Unidos.
Até 2020, os negócios internacionais deverão responder por 10% das receitas, ajudando a melhorar a rentabilidade. A meta é ter mais de 20% de retorno sobre o capital investido. Hoje, ela tem 5% e está na 158ª posição.


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