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EUA provocam temor de nova recessão
Bolsa de NY zera ganhos do ano, após BC americano admitir recuperação "mais modesta"; Bovespa cai 2,13%
A três meses das eleições, Congresso dos EUA dificilmente vai aprovar novos pacotes de ajuda significativos
ÁLVARO FAGUNDES
DE SÃO PAULO
CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK
Os mercados globais desabaram ontem com os novos
indícios de que a retomada
da economia mundial realmente perdeu a sua força.
Depois de o Fed (o BC americano) afirmar anteontem
que a recuperação dos EUA
será "mais modesta que o
previsto", a maior economia
global mostrou ontem que o
cenário ruma para isso.
As exportações americanas caíram 1,3% em junho,
mostrando que a valorização
do dólar está prejudicando
as empresas locais. Enquanto isso, a importação cresceu
3%, o que levou o deficit ao
maior nível desde outubro de
2008: US$ 49,9 bilhões.
Os problemas dos EUA, somados à desaceleração da indústria chinesa (onde a alta
do setor enfraqueceu pelo
quinto mês seguido) e à previsão de menor crescimento
do Reino Unido, fizeram com
que as Bolsas afundassem.
O índice Dow Jones, o principal da Bolsa de Nova York,
recuou 2,49% e zerou os ganhos no ano. O mesmo aconteceu com o S&P 500, que
caiu 2,82%. Todos os grandes
mercados europeus retrocederam ao menos 2%: Londres fechou em queda de
2,44%, e Frankfurt, 2,10%.
No Brasil, a Bovespa terminou o pregão com desvalorização de 2,13%.
Os investidores têm a preocupação de que a economia
global mergulhe novamente
na recessão, o chamado
"double dip", e que haja falta
de instrumentos para tirá-la
mais uma vez desse cenário.
Os juros nos países desenvolvidos estão no menor nível histórico (nos EUA, a taxa
está entre 0% e 0,25%), e os
governos estão endividados
com as medidas tomadas especialmente em 2008 e 2009.
E os dados recentes não
são animadores. A economia
norte-americana se desacelerou no segundo trimestre. De
abril a junho, o PIB avançou
2,4% (na taxa anualizada),
ante 3,7% nos primeiros três
meses deste ano.
Em reunião anteontem, o
Fed reagiu aos sinais de enfraquecimento, anunciando
que pretende adquirir títulos
do Tesouro para estimular o
avanço e impedir a deflação.
O banco central americano
afirmou que "o ritmo da recuperação da produção e do
emprego diminuiu nos últimos meses", embora tenha
poucas ferramentas para encorajar o consumo e os gastos das empresas.
Com o desemprego em
quase 10% e sem mostrar sinais de melhora, o Congresso, a três meses das eleições
legislativas, tampouco deve
aprovar novos pacotes de estímulo significativos. Até o
fim do ano, pode sobrar para
o Fed a decisão de tomar medidas mais drásticas para injetar dinheiro na economia.
Ontem, Obama assinou lei
que reduz ou suspende tarifas pagas por empresas sobre
itens importados necessários
à fabricação de seus produtos, em mais uma tentativa
de reanimar a produção.
Ele anunciou ainda estímulos de US$ 3 bilhões para
proprietários ameaçados de
perder suas casas.
FOLHA.com
ANÁLISE
Fernando Canzian analisa
a situação da economia
mundial
folha.com.br/pf781296
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