São Paulo, quinta-feira, 12 de agosto de 2010

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EUA provocam temor de nova recessão

Bolsa de NY zera ganhos do ano, após BC americano admitir recuperação "mais modesta"; Bovespa cai 2,13%

A três meses das eleições, Congresso dos EUA dificilmente vai aprovar novos pacotes de ajuda significativos

ÁLVARO FAGUNDES
DE SÃO PAULO

CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK

Os mercados globais desabaram ontem com os novos indícios de que a retomada da economia mundial realmente perdeu a sua força.
Depois de o Fed (o BC americano) afirmar anteontem que a recuperação dos EUA será "mais modesta que o previsto", a maior economia global mostrou ontem que o cenário ruma para isso.
As exportações americanas caíram 1,3% em junho, mostrando que a valorização do dólar está prejudicando as empresas locais. Enquanto isso, a importação cresceu 3%, o que levou o deficit ao maior nível desde outubro de 2008: US$ 49,9 bilhões.
Os problemas dos EUA, somados à desaceleração da indústria chinesa (onde a alta do setor enfraqueceu pelo quinto mês seguido) e à previsão de menor crescimento do Reino Unido, fizeram com que as Bolsas afundassem.
O índice Dow Jones, o principal da Bolsa de Nova York, recuou 2,49% e zerou os ganhos no ano. O mesmo aconteceu com o S&P 500, que caiu 2,82%. Todos os grandes mercados europeus retrocederam ao menos 2%: Londres fechou em queda de 2,44%, e Frankfurt, 2,10%.
No Brasil, a Bovespa terminou o pregão com desvalorização de 2,13%. Os investidores têm a preocupação de que a economia global mergulhe novamente na recessão, o chamado "double dip", e que haja falta de instrumentos para tirá-la mais uma vez desse cenário.
Os juros nos países desenvolvidos estão no menor nível histórico (nos EUA, a taxa está entre 0% e 0,25%), e os governos estão endividados com as medidas tomadas especialmente em 2008 e 2009.
E os dados recentes não são animadores. A economia norte-americana se desacelerou no segundo trimestre. De abril a junho, o PIB avançou 2,4% (na taxa anualizada), ante 3,7% nos primeiros três meses deste ano.
Em reunião anteontem, o Fed reagiu aos sinais de enfraquecimento, anunciando que pretende adquirir títulos do Tesouro para estimular o avanço e impedir a deflação.
O banco central americano afirmou que "o ritmo da recuperação da produção e do emprego diminuiu nos últimos meses", embora tenha poucas ferramentas para encorajar o consumo e os gastos das empresas.
Com o desemprego em quase 10% e sem mostrar sinais de melhora, o Congresso, a três meses das eleições legislativas, tampouco deve aprovar novos pacotes de estímulo significativos. Até o fim do ano, pode sobrar para o Fed a decisão de tomar medidas mais drásticas para injetar dinheiro na economia.
Ontem, Obama assinou lei que reduz ou suspende tarifas pagas por empresas sobre itens importados necessários à fabricação de seus produtos, em mais uma tentativa de reanimar a produção.
Ele anunciou ainda estímulos de US$ 3 bilhões para proprietários ameaçados de perder suas casas.

FOLHA.com
ANÁLISE
Fernando Canzian analisa a situação da economia mundial
folha.com.br/pf781296


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