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BNDES diz que não privilegia clientes
Banco estatal tentar desfazer impressão de que poucos grupos ficam com a maior parte dos recursos emprestados
Dez maiores clientes ficaram com 27,8% dos recursos de janeiro de 2008 a junho deste
ano, segundo o banco
RICARDO BALTHAZAR
DE SÃO PAULO
O BNDES apresentou ontem os resultados de uma nova análise da composição de
sua carteira de crédito, numa
tentativa de desfazer a impressão de que a maior parte
dos seus recursos fica com
um número reduzido de grupos econômicos poderosos.
Segundo o banco, seus dez
maiores clientes ficaram com
27,8% do dinheiro destinado
a operações contratadas de
janeiro de 2008 a junho deste
ano e receberam 28,7% dos
recursos efetivamente desembolsados nesse período.
Levantamento feito pela
Folha com base nas operações do período que foram
divulgadas pelo banco, cujos
resultados foram publicados
no domingo, revela que 57%
dos repasses foram destinados a duas empresas estatais
e a dez grupos privados.
A Folha analisou todas as
operações cujos beneficiários são identificados pelo
banco e calculou o grau de
concentração dos repasses
sem considerar outras transações feitas pelo BNDES, sobre as quais ele não divulga
informações detalhadas.
A análise publicada pela
instituição ontem chegou a
resultados diferentes porque
considerou também essas
operações, que incluem créditos para exportação e empréstimos feitos por bancos
comerciais com recursos repassados pelo BNDES.
Estatísticas divulgadas regularmente pelo BNDES indicam que a distribuição dos
seus recursos é bem mais
concentrada do que sugere a
análise apresentada ontem.
Segundo o balanço do
banco, seus dez maiores
clientes representavam em
março 47% da carteira da
instituição, somadas as operações contratadas recentemente e os empréstimos feitos em anos anteriores que
ainda estão sendo pagos.
Grandes empresas, com
faturamento anual superior a
R$ 300 milhões, receberam
76,5% dos R$ 286 bilhões efetivamente desembolsados
pelo banco de 2008 a junho
deste ano, conforme os números divulgados ontem.
GRITARIA
A instituição não divulga
os nomes das empresas que
figuram no topo de sua lista
de clientes, mas reconhece
que o maior de todos é a Petrobras, que recebeu R$ 25 bilhões só no ano passado.
O presidente do banco, Luciano Coutinho, defendeu
ontem os empréstimos à estatal como uma medida de
caráter excepcional que se
tornou necessária por causa
da crise financeira global.
Segundo ele, um dos objetivos do banco era evitar uma
contração ainda maior da
oferta de crédito para empresas menores: "Quando a Petrobras veio para o mercado
interno, houve uma gritaria
enorme de que ela estava tirando o crédito do pequeno".
O presidente do BNDES
disse que o Programa de Sustentação do Investimento
(PSI), lançado durante a crise
para financiar a compra de
máquinas, caminhões e outros investimentos, tem contribuído para aumentar a liberação de recursos para as
empresas de porte menor.
Colaborou JANAINA LAGE , do Rio
FOLHA.com
Veja as operações
contratadas pelo BNDES
desde 2008 e os grupos
mais favorecidos
folha.com.br/me779272
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