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ANÁLISE PECUÁRIA
Escolher genética adequada é fundamental na produção leiteira
MARCO AURÉLIO BERGAMASCHI
ESPECIAL PARA A FOLHA
O rebanho bovino leiteiro
brasileiro é composto predominantemente (80%) por
animais de raças zebuínas ou
de seus cruzamentos, pois
esses animais são mais adaptados às condições tropicais
do nosso país.
Eles apresentam desempenho razoável mesmo quando
mantidos em pastos pouco
nutritivos ou mal manejados.
Por isso, os animais de raças
zebuínas se encontram em
quase todo o país.
A adubação de pastagens,
a produção e a conservação
de alimentos para a época da
seca e/ou de inverno e uma
boa infraestrutura aumentam a produção e a produtividade leiteira.
Na atividade leiteira, o potencial genético do animal,
em boas condições de criação, permite o máximo desempenho produtivo.
A genética da vaca é, portanto, um dos mais importantes itens e influencia
substancialmente na produção de leite.
O uso de raças especializadas, como a holandesa e a
jersey, permite a otimização
da produção e do capital investido. Essas vacas apresentam alta produção e períodos
de lactação maiores.
Os animais azebuados são
menos precoces (os partos
são mais tardios), produzem
menos leite e por menores
períodos do que as vacas de
raças especializadas, principalmente as de origem europeia.
Em relação à composição
do leite, o produto obtido das
vacas da raça jersey apresenta teor mais elevado de nutrientes, como gordura e proteína, com impacto considerável no rendimento industrial, necessitando-se de menos matéria-prima para produzir derivados lácteos.
A vaca holandesa produz
maior volume de leite em relação à jersey, mas com menor teor de nutrientes.
A vaca com sangue zebuíno produz menos e apresenta
concentração nutricional intermediária.
Hoje, a maioria das agroindústrias paga o leite pelo volume e pela porcentagem de
gordura, com ágio ou deságio em relação ao padrão,
descontando contaminações
microbiológicas e água adicionada.
São poucas as empresas
em nosso país que já adotaram um sistema de remuneração com base na qualidade
do leite, quando esta é superior em relação ao padrão no
que se refere à composição
nutricional, contagem bacteriana total e contagem de células somáticas -esta referente à saúde da glândula
mamária.
Com esse modelo de pagamento, lastreado em aspectos qualitativos, os produtores serão incentivados a produzir e a entregar aos laticínios um leite de melhor padrão. Eles receberão mais pelo seu trabalho, os laticínios
obterão maior rendimento
industrial e os consumidores
terão produtos de melhor
qualidade.
Mas isso só será obtido
com a adoção de tecnologias,
onde a escolha da genética
adequada é fundamental.
MARCO AURÉLIO BERGAMASCHI é médico
veterinário, doutor e supervisor do sistema
de leite da Embrapa Pecuária Sudeste (São
Carlos, São Paulo).
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