São Paulo, quinta-feira, 12 de agosto de 2010

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ANÁLISE PECUÁRIA

Escolher genética adequada é fundamental na produção leiteira

MARCO AURÉLIO BERGAMASCHI
ESPECIAL PARA A FOLHA

O rebanho bovino leiteiro brasileiro é composto predominantemente (80%) por animais de raças zebuínas ou de seus cruzamentos, pois esses animais são mais adaptados às condições tropicais do nosso país.
Eles apresentam desempenho razoável mesmo quando mantidos em pastos pouco nutritivos ou mal manejados.
Por isso, os animais de raças zebuínas se encontram em quase todo o país.
A adubação de pastagens, a produção e a conservação de alimentos para a época da seca e/ou de inverno e uma boa infraestrutura aumentam a produção e a produtividade leiteira.
Na atividade leiteira, o potencial genético do animal, em boas condições de criação, permite o máximo desempenho produtivo.
A genética da vaca é, portanto, um dos mais importantes itens e influencia substancialmente na produção de leite.
O uso de raças especializadas, como a holandesa e a jersey, permite a otimização da produção e do capital investido. Essas vacas apresentam alta produção e períodos de lactação maiores.
Os animais azebuados são menos precoces (os partos são mais tardios), produzem menos leite e por menores períodos do que as vacas de raças especializadas, principalmente as de origem europeia.
Em relação à composição do leite, o produto obtido das vacas da raça jersey apresenta teor mais elevado de nutrientes, como gordura e proteína, com impacto considerável no rendimento industrial, necessitando-se de menos matéria-prima para produzir derivados lácteos.
A vaca holandesa produz maior volume de leite em relação à jersey, mas com menor teor de nutrientes. A vaca com sangue zebuíno produz menos e apresenta concentração nutricional intermediária.
Hoje, a maioria das agroindústrias paga o leite pelo volume e pela porcentagem de gordura, com ágio ou deságio em relação ao padrão, descontando contaminações microbiológicas e água adicionada.
São poucas as empresas em nosso país que já adotaram um sistema de remuneração com base na qualidade do leite, quando esta é superior em relação ao padrão no que se refere à composição nutricional, contagem bacteriana total e contagem de células somáticas -esta referente à saúde da glândula mamária.
Com esse modelo de pagamento, lastreado em aspectos qualitativos, os produtores serão incentivados a produzir e a entregar aos laticínios um leite de melhor padrão. Eles receberão mais pelo seu trabalho, os laticínios obterão maior rendimento industrial e os consumidores terão produtos de melhor qualidade.
Mas isso só será obtido com a adoção de tecnologias, onde a escolha da genética adequada é fundamental.


MARCO AURÉLIO BERGAMASCHI é médico veterinário, doutor e supervisor do sistema de leite da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, São Paulo).


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