São Paulo, domingo, 12 de setembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

ANÁLISE

Ausência de compradores institucionais revela fraqueza

RAUL JUSTE LORES
EDITOR DE MERCADO

O Brasil ainda engatinha na hora de fazer o mercado da arte gerar os bilhões de dólares que rende globalmente.
Nos últimos anos, várias potências emergentes se deram conta do potencial econômico e da "marca-país" que a arte tem o poder de projetar mundo afora.
Tanto China quanto Índia patrocinam grandes exposições internacionais de seus artistas -e seus muitos bilionários inflam os preços da arte contemporânea nos dois gigantes asiáticos.
O mercado chinês de arte já ultrapassa US$ 1,5 bilhão por ano. Dos 35 artistas vivos no mundo que têm obras avaliadas acima de US$ 1 milhão, 15 são chineses. Obras de Yue Minjun e Zeng Fanzhi já ultrapassaram US$ 5 milhões em um leilão.
Na Índia, o mercado de arte já movimenta US$ 400 milhões. Uma galeria de Mumbai que só faz leilões na internet, a Saffronart, faturou US$ 30 milhões no ano passado.

MUSEUS
Na Turquia, algumas das famílias mais ricas do país, como os Sabanci, os Koc, os Kirac e os Eczacibasi, abriram seus próprios museus com grandes coleções, de arte tradicional à contemporânea. No México, as maiores multinacionais do país, da Cemex e dos sucos Jumex ao império Slim já criaram museus com suas coleções.
"No Brasil, um museu de excelência como a Pinacoteca ainda é exceção", diz o colecionador Pedro Correa do Lago, há 25 anos representante da multinacional Sotheby's em São Paulo.
"Muita gente só compra arte quando está decorando a casa. Faltam museus, colecionadores sistemáticos e grandes empresas com coleções abertas para aumentar o peso desse mercado", diz.
A legislação brasileira complica a vida até para quem quer repatriar algum ícone nacional.
O empresário Ronaldo Cézar Coelho comprou em um leilão em Nova York em 1999 "Vaso com Flores", de Alberto Guignard, por US$ 759 mil. Depois descobriu que teria que pagar outros US$ 200 mil só de impostos para trazê-lo de volta ao Brasil.
Mas, se a arte persegue o dinheiro desde os Médici no Renascimento, o Brasil pode se tornar uma potência das artes. Em questões meramente econômicas, algo nada supérfluo. No Reino Unido, 60 mil empregos diretos e US$ 11,7 bilhões foram gerados em 2009 graças ao seu mercado da arte, o segundo do mundo após os EUA.


Texto Anterior: Mercado da arte vive boom pré-Bienal
Próximo Texto: Paciência e risco subjetivo desafiam colecionadores
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.