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ANÁLISE
Ausência de compradores institucionais revela fraqueza
RAUL JUSTE LORES
EDITOR DE MERCADO
O Brasil ainda engatinha
na hora de fazer o mercado
da arte gerar os bilhões de
dólares que rende globalmente.
Nos últimos anos, várias
potências emergentes se deram conta do potencial econômico e da "marca-país"
que a arte tem o poder de projetar mundo afora.
Tanto China quanto Índia
patrocinam grandes exposições internacionais de seus
artistas -e seus muitos bilionários inflam os preços da arte contemporânea nos dois
gigantes asiáticos.
O mercado chinês de arte
já ultrapassa US$ 1,5 bilhão
por ano. Dos 35 artistas vivos
no mundo que têm obras
avaliadas acima de US$ 1 milhão, 15 são chineses. Obras
de Yue Minjun e Zeng Fanzhi
já ultrapassaram US$ 5 milhões em um leilão.
Na Índia, o mercado de arte já movimenta US$ 400 milhões. Uma galeria de Mumbai que só faz leilões na internet, a Saffronart, faturou US$
30 milhões no ano passado.
MUSEUS
Na Turquia, algumas das
famílias mais ricas do país,
como os Sabanci, os Koc, os
Kirac e os Eczacibasi, abriram seus próprios museus
com grandes coleções, de arte tradicional à contemporânea. No México, as maiores
multinacionais do país, da
Cemex e dos sucos Jumex ao
império Slim já criaram museus com suas coleções.
"No Brasil, um museu de
excelência como a Pinacoteca ainda é exceção", diz o colecionador Pedro Correa do
Lago, há 25 anos representante da multinacional Sotheby's em São Paulo.
"Muita gente só compra
arte quando está decorando
a casa. Faltam museus, colecionadores sistemáticos e
grandes empresas com coleções abertas para aumentar o
peso desse mercado", diz.
A legislação brasileira
complica a vida até para
quem quer repatriar algum
ícone nacional.
O empresário Ronaldo Cézar Coelho comprou em um
leilão em Nova York em 1999
"Vaso com Flores", de Alberto Guignard, por US$ 759 mil.
Depois descobriu que teria
que pagar outros US$ 200 mil
só de impostos para trazê-lo
de volta ao Brasil.
Mas, se a arte persegue o
dinheiro desde os Médici no
Renascimento, o Brasil pode
se tornar uma potência das
artes. Em questões meramente econômicas, algo nada supérfluo. No Reino Unido, 60 mil empregos diretos e
US$ 11,7 bilhões foram gerados em 2009 graças ao seu
mercado da arte, o segundo
do mundo após os EUA.
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