São Paulo, segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

FINANÇAS PESSOAIS

MARCIA DESSEN marcia.dessen@bmibrasil.com.br

Investimento diversificado ajuda José a tolerar a queda da Bolsa




José não está em um parque de diversões, mas está vivendo as emoções de uma montanha-russa -divertimento, aliás, de que ele não gosta nem um pouco.
Em janeiro deste ano, José decidiu diversificar seus investimentos e aplicar parte dos recursos em ações.
O índice da Bolsa de Valores de São Paulo marcava 70.470 pontos quando ele comprou cotas de um fundo de ações com o objetivo de acompanhar a variação desse índice no mercado.
José sabe que se trata de investimento de risco, sujeito a grandes oscilações de preços, principalmente em períodos de crise e ondas de mau humor do mercado.
Avaliou bem que fatia da carteira poderia colocar em risco sem comprometer sua liquidez, ciente também da disponibilidade desse dinheiro por um prazo longo. Investiu R$ 10 mil no fundo de ações e manteve R$ 90 mil em instrumentos de renda fixa.

ANÁLISE GLOBAL
Oito meses depois, ficou atônito quando viu a Bolsa fechar na marca de 48.668 pontos (dia 8 de agosto).
Motivo: 30% do capital aplicado é muito mais do que José estava disposto a perder e só não resgatou suas cotas porque resolveu dar ouvidos a um amigo que sugeriu que ele analisasse a rentabilidade de sua carteira como um todo em vez de olhar somente a parcela investida em ações.
José concordou com o amigo: fazia sentido, de fato, analisar o conjunto da carteira diversificada e calcular o retorno médio ponderado de seus investimentos.
A taxa Selic teve valorização de 7,75% no mesmo período, e as Letras Financeiras do Tesouro (LFT) que José comprou via Tesouro Direto, por R$ 90 mil, estão valendo R$ 96.975.
As cotas do fundo de ações valem R$ 7.000, devido à variação negativa (queda) nos preços das ações. A carteira de José vale hoje R$ 103.975, ou seja, rentabilidade aproximada de 4% no período.
O conceito de diversificação ficou mais claro agora que José analisou o conjunto dos ativos que compõem sua carteira. E ficou aliviado, de certa forma, ao perceber que seu capital valorizou 4% já que os instrumentos de renda fixa ajudaram a compensar a perda da parcela aplicada em ações.
Não se engana nem ignora a perda potencial que incide sobre 10% de sua posição e se deu conta de que a parcela de ações representa agora somente 6,7% de seu capital total (ver quadro 1).

RECUPERAÇÃO
José acredita na recuperação do mercado no médio/longo prazo e, com base nessa expectativa, decide não realizar o prejuízo (vender as ações que possui por um valor inferior àquele que havia pago) e manter sua carteira atual.
Entretanto, seu amigo mais uma vez chamou sua atenção para o conceito da diversificação e recomendou que ele compre mais cotas do fundo de ações visando recompor a proporção de 10% em renda variável.
O raciocínio é simples: a perda de 30% afetou negativamente uma posição original de R$ 10 mil, equivalente a 10% da carteira de José.
Para recuperar mais rapidamente sua perda, ele deve balancear novamente sua posição, evitando que a alta do Ibovespa, quando ocorrer, incida somente sobre os 6,7% da posição total.
A recomendação é que José resgate R$ 3.397 da posição de renda fixa e invista em cotas do fundo de ações. Dessa forma, sua carteira retorna ao planejamento inicial de 10% em ações.
No quadro 2 está uma hipótese de cenário, oito meses depois, com juro constante de 7,75% no período e alta de 30% no Ibovespa.

MARCIA DESSEN, Certified Financial Planner, é sócia e diretora-executiva do BMI Brazilian Management Institute, professora convidada da Fundação Dom Cabral e cofundadora do Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros


Texto Anterior: Corretoras lideram ranking nacional de queixas da CVM
Próximo Texto: Folhainvest: Participante mantém liderança com ganho de 74%
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.