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Após fraude, BC vasculha carteiras de bancos
Objetivo é checar se problema contábil se repetiu em outras instituições
Banco Central enviou comunicado a vários bancos que adquiriram carteiras de crédito, pedindo explicações
SHEILA D'AMORIM
DE BRASÍLIA
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO
O Banco Central caiu em
cima de pelo menos seis bancos pequenos para averiguar
como eles contabilizam as
carteiras vendidas a outras
instituições, após descobrir
fraude no PanAmericano.
O objetivo é detectar uma
eventual disseminação de
prática contábil fraudulenta
nesses bancos na hora de registrar carteiras cedidas.
O "pente fino" se iniciou
no último dia 29, antes do feriado de Finados, quando o
BC se preparava para falar
sobre o assunto.
A fiscalização do BC enviou comunicado a instituições que também adquiriram
carteiras de crédito, pedindo
explicações detalhadas sobre as operações. O pedido
exigiu trabalho dobrado das
áreas técnicas para enviar as
informações com urgência.
Segundo a Folha apurou,
os questionamentos ocorreram quase dois meses após o
BC ter detectado as irregularidades no PanAmericano.
FALHA DO BC
O caso mostra que o BC
continua sendo surpreendido por balanços inflados
mesmo 15 anos após a fraude
de registros de créditos fictícios no Banco Nacional.
A venda de carteiras foi incentivada pelo próprio BC na
crise de 2008, como alternativa de captação de recursos
dos bancos menores.
Na época, os técnicos do
BC defendiam que, apesar de
ter sistemas de monitoramento para empréstimos acima de R$ 5.000, era preciso
aumentar a fiscalização para
detectar possíveis fraudes.
Alguns desses bancos fizeram acordos anuais com
grandes bancos para fornecimento de lotes de carteiras
de crédito, tornando-se máquinas geradoras e vendedoras de empréstimos, especialmente de consignado.
O interesse dos bancos
compradores de crédito é elevar a rentabilidade de seu excesso de caixa em operações
com taxas acima do CDI e da
dos títulos públicos.
Para analistas, o modelo
de cessão de crédito pode ter
alimentado imprudência -e
fraude- no PanAmericano.
O banco vendeu carteiras
de crédito de veículos e de
consignado para Bradesco e
Itaú, entre outros. Esses bancos alegam não ter como saber a forma como o PanAmericano registrava as carteiras,
evento posterior à cessão de
crédito. No caso, a maior
preocupação é com a qualidade de crédito adquirido.
O PanAmericano se destacava entre as pequenas instituições pela forma agressiva
com que ganhava mercado.
Vendia os créditos já concedidos e reforçava o caixa
para novas operações.
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