São Paulo, sexta-feira, 12 de novembro de 2010

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Reino Unido gravará conversas de operadores para evitar fraudes

Financeiras deverão gravar chamadas de celulares corporativos

JULIA WERDIGIER
DO "NEW YORK TIMES", EM LONDRES

Executivos de bancos de investimento e operadores financeiros do Reino Unido terão gravadas suas conversas telefônicas, como resultado da mais recente medida das autoridades regulatórias das finanças do país para reprimir o uso indevido de informações privilegiadas e os abusos de mercado.
A Autoridade de Serviços Financeiros (FSA, na sigla em inglês), agência regulatória britânica, anunciou novas regras que vigorarão a partir de novembro de 2011, sob as quais todas as empresas de serviços financeiros terão a obrigação de gravar quaisquer comunicações relevantes que seus funcionários realizem por meio de seus celulares de trabalho.
As empresas também terão a responsabilidade de desencorajar funcionários a aceitar pedidos de clientes ou negociar transações em seus celulares pessoais, que não podem ser gravados.
A nova regra faz do Reino Unido o único país da Europa a requerer explicitamente a gravação de conversações em celulares empresariais. As leis atualmente em vigor em outros países só exigem que as empresas garantam que as conversas relevantes sejam gravadas.
"Nossa expectativa é a de que melhore a qualidade da informação disponível para que usemos como prova adicional em casos de uso indevido de informações privilegiadas", disse Sarah Bailey, porta-voz da FSA.
A FSA já grava conversas de telefonia fixa do setor financeiro e armazena mensagens de e-mail. Os celulares estavam isentos das regras porque a tecnologia não estava disponível, disse Bailey. A regra afetaria cerca de 16 mil celulares, e as gravações das conversas teriam de ser mantidas por seis meses.
A nova norma também dispõe que as empresas "tomem medidas para garantir que essas comunicações não sejam realizadas por meio de equipamentos privados de comunicação, que não poderiam ser gravados".

CUSTO ADICIONAL
Algumas companhias expressaram preocupação quanto ao custo adicional de gravar as conversações e sobre a legalidade de gravações quando seus funcionários estiverem no exterior.
Um banco de investimento não identificado estimou que o custo de gravar todos os BlackBerry em uso atingiria 2,6 milhões de libras (US$ 4,2 milhões) ao ano. Goldman Sachs e BNP Paribas estiveram entre as companhias que comentaram a proposta.
"A preocupação era a de que um telefonema dúbio capaz de provar um delito terminasse não sendo gravado", disse Jonathan Herbst, sócio do escritório de advocacia londrino Norton Rose.
As novas restrições "representam um caminho óbvio", disse Herbst, "mas não resta dúvida de que podem continuar existindo comunicações feitas por outros meios".


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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