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EUA têm de aproveitar
crescimento do Brasil,
diz Timothy Geithner
Em carta fictícia de Bernanke a Mantega, "FT"
critica posição do ministro sobre guerra cambial
ÁLVARO FAGUNDES
DE NOVA YORK
O Brasil pode reclamar do
dólar fraco e da vantagem
que ele dá ao setor exportador dos EUA, mas o governo
norte-americano quer aproveitar o momento de crescimento dos emergentes (Brasil incluído) para aumentar
suas vendas.
"À medida que países como China, Índia e Brasil e outras economias emergentes
crescem e se expandem, queremos que a economia americana, os trabalhadores americanos e as companhias
americanas tenham um papel importante -e ganhem
benefícios substanciais-
nesse avanço", disse ontem o
secretário do Tesouro, Timothy Geithner.
No caso do Brasil, o aumento das vendas americanas já é nítido. Ainda que tenham perdido para a China o
posto de maior parceiro comercial do país, os EUA aumentaram suas exportações
em 37% até outubro de 2010 e
têm um superavit de quase
US$ 10 bilhões -o quarto
maior entre seus parceiros.
O governo brasileiro reclama que a política monetária
americana, com os juros perto de zero, e a compra de
US$ 600 bilhões em títulos
do Tesouro pelo Fed (o BC
dos EUA) têm derrubado o
dólar, tornando-se uma vantagem competitiva para o setor exportador americano.
O ministro da Fazenda,
Guido Mantega, disse recentemente ao jornal "Financial
Times" que "esta é uma guerra cambial que está se transformando em uma guerra comercial", criticando as políticas dos Estados Unidos e da
China.
"FT" CRITICA MANTEGA
Ontem, o jornal britânico
criticou a avaliação do ministro brasileiro. Passando-se
pelo presidente do Fed, Ben
Bernanke, a coluna "Lex" escreveu uma carta endereçada a Mantega.
Para o "Bernanke" do "Financial Times", a economia
americana precisa do dólar
fraco neste momento -do
contrário, pode desabar, com
efeitos desastrosos para o
Brasil.
"Você deve se lembrar do
que ocorreu há três anos,
quando a economia norte-americana quase estourou?
O dinheiro fugiu do Brasil e o
motor de crescimento autossustentável arrogado por vocês travou."
No fim do texto, a coluna
elogia o ministro brasileiro
por também ter criticado a
China e diz que o real está valorizado em grande parte
porque os preços das commodities estão altos -largamente influenciados pela política chinesa de manter o
yuan desvalorizado.
O efeito da política chinesa
sobre os demais emergentes
também foi ressaltado ontem
por Geithner.
Para o secretário do Tesouro americano, o fato de Pequim manter a moeda "substancialmente desvalorizada"
impõe custos substanciais
aos emergentes que mantêm
o câmbio flexível, já que perdem "substancial" competitividade ante aos chineses.
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