São Paulo, quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

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EUA têm de aproveitar crescimento do Brasil, diz Timothy Geithner

Em carta fictícia de Bernanke a Mantega, "FT" critica posição do ministro sobre guerra cambial

ÁLVARO FAGUNDES
DE NOVA YORK

O Brasil pode reclamar do dólar fraco e da vantagem que ele dá ao setor exportador dos EUA, mas o governo norte-americano quer aproveitar o momento de crescimento dos emergentes (Brasil incluído) para aumentar suas vendas.
"À medida que países como China, Índia e Brasil e outras economias emergentes crescem e se expandem, queremos que a economia americana, os trabalhadores americanos e as companhias americanas tenham um papel importante -e ganhem benefícios substanciais- nesse avanço", disse ontem o secretário do Tesouro, Timothy Geithner.
No caso do Brasil, o aumento das vendas americanas já é nítido. Ainda que tenham perdido para a China o posto de maior parceiro comercial do país, os EUA aumentaram suas exportações em 37% até outubro de 2010 e têm um superavit de quase US$ 10 bilhões -o quarto maior entre seus parceiros.
O governo brasileiro reclama que a política monetária americana, com os juros perto de zero, e a compra de US$ 600 bilhões em títulos do Tesouro pelo Fed (o BC dos EUA) têm derrubado o dólar, tornando-se uma vantagem competitiva para o setor exportador americano.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse recentemente ao jornal "Financial Times" que "esta é uma guerra cambial que está se transformando em uma guerra comercial", criticando as políticas dos Estados Unidos e da China.

"FT" CRITICA MANTEGA
Ontem, o jornal britânico criticou a avaliação do ministro brasileiro. Passando-se pelo presidente do Fed, Ben Bernanke, a coluna "Lex" escreveu uma carta endereçada a Mantega.
Para o "Bernanke" do "Financial Times", a economia americana precisa do dólar fraco neste momento -do contrário, pode desabar, com efeitos desastrosos para o Brasil.
"Você deve se lembrar do que ocorreu há três anos, quando a economia norte-americana quase estourou? O dinheiro fugiu do Brasil e o motor de crescimento autossustentável arrogado por vocês travou."
No fim do texto, a coluna elogia o ministro brasileiro por também ter criticado a China e diz que o real está valorizado em grande parte porque os preços das commodities estão altos -largamente influenciados pela política chinesa de manter o yuan desvalorizado.
O efeito da política chinesa sobre os demais emergentes também foi ressaltado ontem por Geithner.
Para o secretário do Tesouro americano, o fato de Pequim manter a moeda "substancialmente desvalorizada" impõe custos substanciais aos emergentes que mantêm o câmbio flexível, já que perdem "substancial" competitividade ante aos chineses.


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