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Agricultura depende de migrante rural
Segundo produtores, não há mão de obra local suficiente; colheita de laranja paga em média R$ 800 por mês
Governos de SP e MG prometem acabar com corte manual de cana até 2017; café emprega 800 mil migrantes
DA ENVIADA AO MARANHÃO
E AO SUL DE MINAS
Sem o migrante rural temporário não seria possível a
colheita simultânea do café,
da laranja e o corte da cana
no centro-sul, dizem os produtores, porque não haveria
oferta local suficiente.
A colheita do café começou em maio e, segundo estimativa do presidente do Conselho Nacional do Café, Gilson Ximenes, ocupará cerca
de 800 mil trabalhadores
oriundos de outros Estados.
É, de longe, o setor que mais
emprega mão de obra rural
temporária.
A colheita se estende até
setembro. Minas responde
por metade da produção nacional, que neste ano deve
chegar a 50 milhões de sacas,
e atrai não só trabalhadores
das áreas pobres do próprio
Estado (vales do Jequitinhonha e do Mucuri) e do Nordeste, como do rico Paraná.
A oferta de boias-frias pelo
Paraná se explica pelo histórico da atividade cafeeira no
Estado, que foi o maior produtor até meados dos anos
70. Após a grande geada de
1975, houve uma política de
erradicação de cafezais no
Estado; a produção migrou
para outros Estados, como
Minas e Bahia, mas a tradição se manteve entre os trabalhadores.
Terra Roxa, no oeste paranaense, é um exemplo. Desde 2005, a prefeitura organiza a ida de trabalhadores para o Triângulo Mineiro; paga
metade do custo do transporte e o fazendeiro, a outra metade.
CANA
A safra da cana no centro-sul vai de abril a novembro.
São Paulo empregará 140 mil
pessoas nesta safra. Segundo
a Unica (União da Indústria
da Cana-de-Açúcar), 56 mil
vêm de outros Estados.
É o trabalho rural mais árduo. Os governos de São Paulo e de Minas Gerais prometeram erradicar o corte manual
até 2017, o que vai criar um
novo desafio para as regiões
fornecedoras da mão de obra
rural: o desemprego.
LARANJA
A colheita da laranja acontece de maio a dezembro e
ocupa a mão de obra que não
foi absorvida pela cana. São
Paulo concentra 80% da produção nacional. Itápolis (a
330 km da capital paulista) é
o maior produtor mundial da
fruta e recebe cerca de 1.500
trabalhadores de Pernambuco, Piauí e Alagoas.
Segundo o presidente do
Sindicato dos Trabalhadores
Rurais local, Avelino Cunha,
70% dos trabalhadores não
têm carteira assinada e ganham por produção, o que dá
uma remuneração média de
R$ 800 por mês. Ainda é forte
a atuação de intermediários
na contratação.
O presidente da Associtrus
(Associação Brasileira dos Citricultores), Flávio Viegas,
calcula que 15 mil trabalhadores rurais saem de outros
Estados para a colheita.
Segundo ele, o setor passa
por redução dos pequenos e
médios produtores e concentração em grandes empresas.
O número de produtores baixou de 30 mil para 8.000 nos
últimos 15 anos.
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