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Ex-diretores abrem empresas fantasmas
Desde 2006, quando começaram os problemas do PanAmericano, os oito diretores afastados criaram empresas
Companhias atuam em setores variados; de promoção de vendas ao segmento imobiliário e pagamentos on-line
DE BRASÍLIA
DE SÃO PAULO
Ao menos dois ex-diretores do banco PanAmericano
recorreram a um esquema
que, nos últimos dois anos,
criou cerca de 50 empresas
fantasmas no Brasil.
Funciona assim: uma empresa é criada somente no
papel com capital mínimo de
R$ 100. Pouco tempo depois
-geralmente, dois meses-,
ela é transferida para outras
pessoas. Em alguns casos, o
nome da empresa também é
alterado. Fica mantido apenas o CNPJ.
Dois exemplos desse esquema são: a Razak Empreendimentos (que recentemente mudou de nome para
Bob Rik Serviços Administrativos) e a Antillas Empreendimentos e Participações
(transformada há cerca de
um mês em Lagonegro Empreendimentos).
Ambas as empresas foram
criadas por Ivan dos Santos
Freire e Valdison Amorim
dos Santos.
O primeiro, um ex-estudante de direito, que passou
anos trabalhando como estagiário de um escritório de advocacia que defende o diretório estadual do PT em São
Paulo e políticos da cúpula
do partido em SP.
ENTRA E SAI
Cerca de dois meses depois da constituição das duas
companhias, Freire e Santos
se retiraram da sociedade.
Em seus lugares, entraram
na Razak e na Antillas, respectivamente, Elinton Bobrik (ex-diretor de novos negócios do PanAmericano) e
Luiz Augusto Teixeira de Carvalho Bruno (ex-diretor diretor jurídico do banco).
O endereço em que as duas
empresas foram registradas
na Junta Comercial de São
Paulo é o mesmo: uma sala
em um prédio precário no
bairro da Bela Vista, centro
da capital paulista.
Ontem, a sala estava fechada e, de acordo com uma
pessoa que estava no local,
uma funcionária que recolhia a correspondência não é
vista há algum tempo.
EMPRESAS
Desde 2006, quando começaram os problemas contábeis do PanAmericano, os
oito diretores afastados do
banco abriram ou adquiriram participação em ao menos 11 empresas.
As companhias pertencem
a setores variados: de promoção de vendas ao segmento
imobiliário, passando pelo
processamento de pagamentos on-line feitos com cartão
de crédito.
BRASPAG
Luiz Augusto de Carvalho
Bruno também se tornou sócio, em 2007, da Braspag,
empresa que processa 40%
dos pagamentos em cartão
de crédito feitos pela internet
para as dez maiores varejistas do Brasil.
Dessa sociedade, fazem
parte ainda outros dois ex-diretores do PanAmericano:
Wilson Roberto de Aro (dos
departamentos financeiro e
de relações com investidores
do banco) e Rafael Palladino
(superintendente e de captação de recursos).
Palladino é primo de Íris
Abravanel, mulher de Silvio
Santos, e participa de 20
companhias ao todo, considerando as fatias adquiridas
também antes de 2006.
Um executivo do segmento de e-commerce (comércio
online) disse à Folha que,
depois do episódio envolvendo o PanAmericano, varejistas estão preocupados com a
saúde financeira da Braspag.
Isso porque, se a empresa
tiver problemas, a substituição por uma concorrente não
será um processo simples,
devido ao grande volume de
transações que a companhia
processa.
OUTROS SEGMENTOS
Palladino, Aro e Bruno
também são sócios de uma
empresa do setor imobiliário
registrada como Galeno de
Almeida (aberta em 2007).
A companhia tem ainda
participação da Sisan, que
construiu o prédio do Pan
Americano e o Sofitel Jequitimar (Guarujá), entre outros.
Já Carlos Roberto Vilani,
ex-diretor comercial do banco, aparece como sócio de
empresas do setor de promoções de vendas, como a VCA
(de 2008) e Atitude (de 2009).
(JOSÉ ERNESTO CREDENDIO, ANDREZA MATAIS, CAROLINA MATOS E
CLAUDIA ROLLI)
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