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País ganha 720 hectares de eucalipto por dia
Ambientalistas protestam contra consumo elevado de água e a proliferação de pragas
FELIPE BÄCHTOLD
ENVIADO ESPECIAL A SALESÓPOLIS
O Brasil ganhou nos últimos anos 720 hectares por
dia de plantações de eucalipto. A quantidade, estimada
pela Associação Brasileira de
Produtores de Florestas
Plantadas, equivale a 4,5
parques Ibirapuera ou a 960
campos de futebol.
Parte das novas áreas pertence a empresas estrangeiras, como a sueco-finlandesa
Stora-Enso, que viraram um
dos principais alvos de críticas de grupos como o MST
(Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
A árvore é utilizada na fabricação de papel, celulose e
carvão vegetal ou aproveitada como madeira.
Um dos atrativos é o tempo
de crescimento mais rápido
da planta no país. No Brasil,
ela está pronta para o corte
em sete anos, enquanto na
Europa leva até 25. Também
contribui o baixo preço da
terra em algumas regiões.
Minas, São Paulo e Bahia
lideram o ranking de área
plantada no país. A expansão de 2005 a 2009 das plantações foi de 10 mil km2 (o DF
tem 5.800 km2), segundo dados da associação do setor.
Isso ocorre apesar da crise
internacional de 2008, que
freou investimentos na área.
Os produtores estimam um
aumento ainda maior nos
próximos anos.
Salesópolis, cidade de 16
mil habitantes a 101 quilômetros de São Paulo, tem a economia totalmente voltada o
setor de eucaliptos e pínus.
Um terço do território é coberto por essas árvores, que
avançam até sobre o pequeno centro do município.
A Suzano é uma das principais forças da economia local. Mas também há muitos
pequenos produtores -médicos e advogados possuem
áreas enquanto mantêm
suas outras atividades.
Ávidos por novas atividades econômicas, cidades e
Estados, como o Rio Grande
do Sul, incentivam a cultura.
O MST e ambientalistas,
porém, criticam a expansão
das florestas plantadas. Dizem que a monocultura degrada o solo porque as plantas consomem mais água.
Apontam também os riscos
de incêndios e de pragas.
QUESTÃO AMBIENTAL
Dirce Suertegaray, da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, diz: "Esses
bosques não produzem alimentos. Os animais se proliferam e vão consumir lavouras ou pomares próximos".
Para a geógrafa, as empresas estrangeiras vêm ao Brasil para cultivar a planta também como forma de fugir de
leis ambientais mais rígidas
dos países desenvolvidos.
O sul do Rio Grande do Sul,
afetado por uma espécie de
desertificação, vem sendo
ocupado com plantações do
tipo. De acordo com a geógrafa, a expansão do setor
pode agravar o fenômeno.
No Estado, o MST invadiu
unidades de florestas plantadas em diversas ocasiões nos
últimos anos.
A associação dos produtores nega que as plantações
causem danos ambientais.
Declara que os bosques
criam um habitat para a fauna e há condições de alimentação para várias espécies.
Diz ainda que o eucalipto
consome a mesma quantidade de água do que florestas
nativas e que existe uma série de cuidados de produtores com matas ciliares.
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