São Paulo, sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

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China dá passo para internacionalizar yuan

Empresas do país poderão transferir moeda ao exterior com objetivo de investimento

Andrea Comas - 5.jan.11/Reuters
Li Kequiang, vice-premiê da China, em tour europeu, durante encontro em Madri como rei Juan Carlos, semana passada

ROBERT COOKSON
DO "FINANCIAL TIMES",
EM HONG KONG


A China passou a permitir que empresas transfiram yuan ao exterior para fins de investimento, o que abre novo canal para que a moeda chinesa saia do país.
A decisão é a mais recente medida para reforçar o papel do yuan na economia mundial. As empresas já haviam sido autorizadas a usar a moeda para liquidar transações internacionais de comércio, em julho de 2009, quando Pequim acelerou seus planos para reduzir a dependência do país com relação ao dólar dos EUA.
"Trata-se de um passo importante para a internacionalização do yuan", disse Dariusz Kowalczyk, estrategista do Crédit Agricole. "É importante porque oferecerá meios adicionais para que o yuan saia da China."
Segundo o BC chinês, empresas da China continental agora poderão usar reservas em yuan para lançar negócios novos no exterior e bancar aquisições.
Embora não haja limite especificado para o montante dos investimentos, as companhias chinesas ainda terão de solicitar licença do governo para enviar yuan ao exterior da mesma maneira que fazem para investimentos bancados em dólares ou outras moedas estrangeiras.
"Será interessante determinar se os vendedores estrangeiros de empresas que os chineses desejem adquirir estarão dispostos a aceitar pagamento em yuan", disse Kowalczyk.
No momento, as empresas estrangeiras têm pouco uso para o yuan, excetuada a compra de produtos chineses, a aplicação em contas ou títulos de baixo investimento ou a conversão em outras moedas, já que as autoridades chinesas mantêm severo controle sobre o investimento externo no país.
As transações comerciais em yuan totalizaram 340 bilhões de yuan (US$ 51 bilhões) de junho a novembro, ante zero no ano anterior. A China tenta transformar o yuan em moeda mundial de comércio sem, no entanto, abandonar seus controles sobre o movimento de capital -uma operação delicada que muitos economistas acreditam venha a se tornar cada vez mais difícil, à medida que reservas de yuan forem acumuladas no exterior.

CHINA X EUA
O yuan, que muitos parceiros comerciais da China consideram subvalorizado, constará nas discussões entre o líder chinês, Hu Jintao, e Barack Obama, na semana que vem, em Washington.
Ontem, o BC chinês permitiu pela primeira vez que a cotação diária de referência chegasse a 6,6 yuan por dólar, um dia depois que o secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, reiterou preocupações quanto à política cambial chinesa.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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