São Paulo, sábado, 14 de maio de 2011

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Argentina reage às barreiras a carros

Ministra questiona vontade do Brasil de promover "comércio equilibrado"

Associação de importadores afirma que alguns modelos podem faltar nas próximas semanas

LUCAS FERRAZ
DE BUENOS AIRES

Na escalada da disputa comercial entre Brasil e Argentina, ministros da indústria dos governos Dilma Rousseff e Cristina Kirchner trocaram cartas sobre a decisão brasileira de dificultar a importação de carros, o que afeta as exportações argentinas.
Endereçada ao ministro Fernando Pimentel, a carta da ministra argentina Débora Giorgi questiona a vontade do Brasil de ter um "comércio equilibrado" e acusa o país de múltiplas barreiras.
Pimentel, em carta de resposta, afirmou que é "necessário iniciar um diálogo construtivo" e sugeriu um encontro com Giorgi em Brasília. Até o fechamento desta edição, não houve resposta.
Desde terça, os carros que chegam ao Brasil dependem de uma licença prévia para a liberação da guia, o que, até então, era feito automaticamente. A medida foi resposta à Argentina, que no início do ano aumentou de 400 para 600 os itens que deixaram de ter licença automática.
Giorgi pede que Pimentel prove que há mercadorias travadas e cita dados da balança comercial para dizer que o Brasil não foi afetado.
"Dados preliminares mostram que as exportações do Brasil à Argentina seguem crescendo 33%, enquanto o deficit para a Argentina alcançou US$ 1,2 bilhão, o dobro do registrado em igual período de 2010."
Segundo a Adefa (associação argentina do setor automobilístico), cerca de 30 mil veículos são exportados por mês ao Brasil. Até ontem a medida travava a entrada de ao menos 2.000, mas esse número pode aumentar para quase 10 mil na semana que vem, segundo a entidade.

ESTOQUE NO BRASIL
O presidente da Abeiva (associação de importadoras de veículos), José Luiz Gandini, diz que a partir das próximas semanas alguns modelos devem começar a faltar. "É correta a decisão do governo. Mas não se pode afetar empresas que, no conjunto, recolherão mais de R$ 5 bilhões de impostos. São 27 mil brasileiros empregados."
Gandini diz que as importadoras asiáticas podem começar a ter problemas de abastecimento em um mês.
"Demora em média 30 dias para os carros chegarem ao país. E não podemos deixar navios parados em portos espalhados pelo mundo sem saber em quanto tempo o governo começará a liberar."
Fiesp e CNI apoiaram a decisão do governo. "É uma questão de proteger, de dar isonomia para a indústria brasileira", disse Robson Braga de Andrade, presidente da CNI. Para Paulo Skaf, presidente da Fiesp, o Brasil já foi "bastante tolerante".

Colaboraram CLAUDIA ROLLI e NATÁLIA PAIVA , de São Paulo


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