São Paulo, sábado, 14 de agosto de 2010

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TAM anuncia fusão com a chilena Lan

Companhia chilena será majoritária em nova holding; família Amaro manterá o controle da TAM Linhas Aéreas

Marcas TAM e Lan devem ser mantidas separadas; expectativa é que operação gere economia de US$ 400 mi


MARIANA BARBOSA
DE SÃO PAULO

A TAM e a Lan anunciaram ontem um acordo que vai criar um gigante na América Latina, com faturamento somado de US$ 8,6 bilhões.
O memorando assinado prevê a fusão dos grupos sob nova holding, batizada de Latam Airlines Group.
A participação acionária da Latam não foi divulgada. Mas a Folha apurou que a Lan ficará com 70,6% da Latam, e a TAM, com 29,3%.
Mas os acionistas controladores do grupo TAM, a família Amaro, manterão o controle da TAM Linhas Aéreas, com 80% do capital votante e mais uma participação não divulgada na Lan.
O memorando de intenções não prevê multa em caso de desistência do negócio nem estabelece prazos para sua conclusão.
A Latam terá ações (BDRs) negociadas na Bovespa, em Nova York e em Santiago. O capital da TAM será fechado.
Apesar de a TAM ser maior do que a Lan em receita, a chilena possui mais ações em circulação e um valor de mercado maior.
A família Cueto, controladora da Lan, manterá o controle da Lan, além de deter 20% da TAM. Atualmente, a lei brasileira limita em 20% a participação de estrangeiros no setor aéreo. O Congresso deve votar, neste ano, a ampliação do limite para 49%.
Conjuntamente, as duas empresas voam para 115 destinos em 23 países e somam 40 mil funcionários.
Por meio de um comunicado, as companhias informaram que será criado "um modelo de governança único que gerenciará todas as decisões estratégicas relacionadas à coordenação e alinhamento de atividades das holdings do grupo Latam".
Mauricio Rolim Amaro, atual vice-presidente do Conselho de Administração da TAM, será o presidente do Conselho da Latam. Enrique Cueto, atual CEO da LAN, será o CEO da Latam.
A intenção é manter as bandeiras TAM e Lan separadamente. A expectativa é que a fusão das operações gere sinergia de US$ 400 milhões.

PRESIDENTE DO CHILE
Há muitos anos as famílias Cueto e Amaro discutem uma possibilidade de associação. As negociações voltaram a esquentar após a eleição de Sebastián Piñera à Presidência do Chile.
Piñera tinha 26% da Lan e assumiu o compromisso, durante a campanha presidencial de 2009, de vender sua participação após a eleição.
Pelo lado da TAM, a negociação foi conduzida por Marco Antonio Bologna, presidente da antiga holding da TAM, e por André Esteves, do BTG. A Lan foi assessorada pelos escritórios do JPMorgan no Chile e em Nova York.
Para o professor de transporte aéreo da UFRJ Respício Espírito Santo Jr., a fusão cria um gigante na América Latina. "Ao se aliar à TAM, a Lan contém o avanço da Gol na América do Sul."
"A Gol está recebendo vários aviões, voa para Lima, Santiago, Buenos Aires e tem incomodado muito a Lan."
A operação também cria um gigante na área de cargas, setor em que a Lan é bastante forte. A companhia chilena é dona de uma empresa de cargas no Brasil, a Absa, embora no papel detenha apenas 20%, como manda a lei brasileira.


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