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Bancos terão de mudar conta de impostos
Novo acordo de Basileia reduzirá capital formado com créditos tributários e bens intangíveis como marcas
Instituições brasileiras passam com folga pelo aperto global de exigência de capital para fazer empréstimos
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO
Os bancos brasileiros passarão com folga pelas novas
restrições de capital mínimo,
mas terão de rever todo o sistema atual de classificação
de créditos e demais ativos.
As mudanças, que decorrem do novo acordo de Basileia, deverão atingir em
cheio a forma como os bancos brasileiros contabilizam
os impostos que deixarão de
pagar por conta de benefício
fiscal em fusões e aquisições.
No Brasil, os ágios (prêmios) pagos pela oportunidade de negócio são passíveis de dedução de impostos,
o que gera créditos tributários que elevam consideravelmente o patrimônio das
instituições financeiras.
Com a mudança, bancos
como Santander terão regras
mais apertadas para contabilizar esses ágios como capital
próprio, reduzindo o limite
máximo para emprestar.
As novas regras deverão
ser implementadas, progressivamente, de 2013 até 2019.
A Febraban reconhece que
o principal impacto das novas regras se dará na contabilidade das deduções de impostos e dos chamados bens
intangíveis, como marcas,
patentes, tecnologia e carteiras de clientes compradas,
caso das folhas de pagamento de servidores públicos.
Além dos ágios nas fusões,
os bancos formam créditos
tributários com os prejuízos
passados e com perdas temporárias que ocorrem na
constituição das provisões
para cobrir a inadimplência.
Pelo acordo, os créditos
tributários e os intangíveis
contarão menos do que hoje
para formar o capital próprio
que define o limite de crédito.
No Brasil, as instituições
podem emprestar R$ 100 para cada R$ 11 (11%) de capital
próprio; o restante vem dos
recursos captados. Esse patamar é mais rígido do que as
novas regras globais, que elevam a exigência para 7%
-até então, era de 2%.
Depois da capitalização do
Banco do Brasil, em junho,
as instituições nacionais
operam todas com mais de
13% de capital próprio.
"Os bancos vão querer deduzir mais as perdas com as
provisões; até porque, com a
expansão do crédito, essas
perdas devem aumentar",
disse Alexandre Assaf, professor da Fipecafi.
O novo acordo também
eleva a exigibilidade de capital nos momentos de bonança. O objetivo é duplo: colocar freio na concessão de empréstimos e impedir que o
crédito trave em momentos
difíceis, como em 2008.
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