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Mercado de luxo cresce com emergentes
Ações das
empresas do setor
avançam mais
que a média geral,
ajudadas pelo
consumo dos
países em
desenvolvimento
Tiffany diz que tributo é
entrave no Brasil e que
país virou "showroom",
no qual consumidor vê o
produto e compra lá fora
ÁLVARO FAGUNDES
VERENA FORNETTI
DE SÃO PAULO
O luxo está em alta, e a periferia tem tudo a ver com isso. Com o aumento do consumo especialmente da China,
mas também de emergentes
como o Brasil e a Índia, as
ações das empresas de luxo
subiram mais que as das
companhias dos setores, diga-se, mais modestos.
O principal retrato disso é
que o Dow Jones, principal
índice da Bolsa de Nova York
e referência para as Bolsas de
Valores globais, subiu 7,3%
neste ano, bem atrás dos
32,7% do seu primo empolado, o Dow Jones Luxo, que
reúne apenas empresas globais do segmento.
Tiffany, BMW, Burberry,
LVMH (a dona da Louis Vuitton) e Marriott são alguns dos
exemplos de empresas com
os papéis em alta. Mas o caso
mais emblemático é o da Hugo Boss, que dobrou de valor
desde o início deste ano.
O sucesso das ações é explicado pelo bom momento
das economias emergentes,
com o crescimento do poder
aquisitivo da população.
A China, por exemplo, deve aumentar seu consumo de
luxo em 30% neste ano, bem
à frente dos 12% do EUA e
dos 6% da Europa, segundo
estudo divulgado no fim de
outubro pela consultoria
Bain, especializada no setor.
Com isso, o país asiático,
que foi o sétimo que mais
comprou esses artigos em
2009, deve se tornar o terceiro maior mercado do mundo
nos próximos cinco anos.
Levantamento feito pela
Folha nos balanços de 18
grandes companhias do setor comprova a importância
da China. Na LVMH, a Ásia
(excluindo o Japão) se tornou a principal fonte de receita -responde por 25% do
total deste ano até setembro-, passando os EUA.
No caso da Bulgari, as
vendas no mercado chinês
no terceiro trimestre avançaram 24%. E a Burberry, que
em maio abriu sua primeira
loja no Brasil, em Brasília,
anunciou a aquisição de 50
unidades na China.
A importância do mercado
asiático, encabeçado pela
China, é resumida por Roger
Farah, presidente da Ralph
Lauren. "A nossa expansão
internacional em níveis elevados se tornou realidade na
Europa e continuaremos a
investir lá, mas vamos investir tempo, energia e dinheiro
na Ásia", afirmou em entrevista a analistas.
BRASIL
O Brasil também não está
fora do foco das empresas de
luxo. De acordo com a pesquisa da Bain, o mercado
aqui vai crescer 20% neste
ano, para 1,5 bilhão -o
equivalente a 16% do chinês.
A Diane von Furstenberg
diz que pretende abrir uma
loja adicional em São Paulo e
uma em Brasília nos próximos dois anos. E a Christian
Louboutin, que tem loja em
São Paulo, diz que a marca
de sapatos pode ter mais
duas em cinco anos.
Porém, apesar do tamanho, um dos fatores que entravam o mercado brasileiro
são os tributos. "Ainda há
restrições quanto à expansão
no país porque os impostos
são um entrave para o luxo",
afirmou Sandro Fernandes,
gerente-geral da Tiffany.
"SHOWROOM"
Segundo ele, isso faz com
que as lojas no país acabem
sendo um "showroom", em
que o consumidor vê o produto aqui e compra lá fora.
"A facilidade para pegar um
voo para Nova York e comprar lá é muito grande."
A Tiffany calcula que cerca
de 30% das vendas da sua loja-conceito ("flagship") em
Nova York sejam feitas por
turistas estrangeiros, o dobro
da média geral.
"Temos crescimento muito forte de turistas chineses
viajando pela Europa, temos
avanço muito forte de clientes de Rússia e Oriente Médio. Há uma tendência de alta de clientes sul-americanos
nos EUA", disse Stacey Cartwright, diretora da Burberry.
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