São Paulo, domingo, 14 de novembro de 2010

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Mercado de luxo cresce com emergentes

Ações das empresas do setor avançam mais que a média geral, ajudadas pelo consumo dos países em desenvolvimento

Tiffany diz que tributo é entrave no Brasil e que país virou "showroom", no qual consumidor vê o produto e compra lá fora

ÁLVARO FAGUNDES
VERENA FORNETTI

DE SÃO PAULO

O luxo está em alta, e a periferia tem tudo a ver com isso. Com o aumento do consumo especialmente da China, mas também de emergentes como o Brasil e a Índia, as ações das empresas de luxo subiram mais que as das companhias dos setores, diga-se, mais modestos.
O principal retrato disso é que o Dow Jones, principal índice da Bolsa de Nova York e referência para as Bolsas de Valores globais, subiu 7,3% neste ano, bem atrás dos 32,7% do seu primo empolado, o Dow Jones Luxo, que reúne apenas empresas globais do segmento.
Tiffany, BMW, Burberry, LVMH (a dona da Louis Vuitton) e Marriott são alguns dos exemplos de empresas com os papéis em alta. Mas o caso mais emblemático é o da Hugo Boss, que dobrou de valor desde o início deste ano.
O sucesso das ações é explicado pelo bom momento das economias emergentes, com o crescimento do poder aquisitivo da população.
A China, por exemplo, deve aumentar seu consumo de luxo em 30% neste ano, bem à frente dos 12% do EUA e dos 6% da Europa, segundo estudo divulgado no fim de outubro pela consultoria Bain, especializada no setor.
Com isso, o país asiático, que foi o sétimo que mais comprou esses artigos em 2009, deve se tornar o terceiro maior mercado do mundo nos próximos cinco anos.
Levantamento feito pela Folha nos balanços de 18 grandes companhias do setor comprova a importância da China. Na LVMH, a Ásia (excluindo o Japão) se tornou a principal fonte de receita -responde por 25% do total deste ano até setembro-, passando os EUA.
No caso da Bulgari, as vendas no mercado chinês no terceiro trimestre avançaram 24%. E a Burberry, que em maio abriu sua primeira loja no Brasil, em Brasília, anunciou a aquisição de 50 unidades na China.
A importância do mercado asiático, encabeçado pela China, é resumida por Roger Farah, presidente da Ralph Lauren. "A nossa expansão internacional em níveis elevados se tornou realidade na Europa e continuaremos a investir lá, mas vamos investir tempo, energia e dinheiro na Ásia", afirmou em entrevista a analistas.

BRASIL
O Brasil também não está fora do foco das empresas de luxo. De acordo com a pesquisa da Bain, o mercado aqui vai crescer 20% neste ano, para 1,5 bilhão -o equivalente a 16% do chinês.
A Diane von Furstenberg diz que pretende abrir uma loja adicional em São Paulo e uma em Brasília nos próximos dois anos. E a Christian Louboutin, que tem loja em São Paulo, diz que a marca de sapatos pode ter mais duas em cinco anos.
Porém, apesar do tamanho, um dos fatores que entravam o mercado brasileiro são os tributos. "Ainda há restrições quanto à expansão no país porque os impostos são um entrave para o luxo", afirmou Sandro Fernandes, gerente-geral da Tiffany.

"SHOWROOM"
Segundo ele, isso faz com que as lojas no país acabem sendo um "showroom", em que o consumidor vê o produto aqui e compra lá fora. "A facilidade para pegar um voo para Nova York e comprar lá é muito grande."
A Tiffany calcula que cerca de 30% das vendas da sua loja-conceito ("flagship") em Nova York sejam feitas por turistas estrangeiros, o dobro da média geral.
"Temos crescimento muito forte de turistas chineses viajando pela Europa, temos avanço muito forte de clientes de Rússia e Oriente Médio. Há uma tendência de alta de clientes sul-americanos nos EUA", disse Stacey Cartwright, diretora da Burberry.


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