São Paulo, domingo, 15 de maio de 2011

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Rio teme caos social com nova riqueza do petróleo

Falta de planejamento pode desperdiçar royalties e repetir erros de Macaé

Projeção aponta que os homicídios podem quadruplicar em novo polo petroquímico; migração é desordenada

ITALO NOGUEIRA
DO RIO

Dez anos após a chegada dos royalties e a explosão de homicídios em Macaé (RJ), "capital do petróleo", o Rio de Janeiro se prepara para tentar conter uma nova onda de violência que pode surgir a reboque dos principais investimentos no Estado.
O governo e moradores temem que a migração em massa de trabalhadores atraídos pelos novos empregos gerem ocupação desordenada, mais desigualdade social e violência.
Em Itaboraí, cidade-sede do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio), estudo feito pelo ISP (Instituto de Segurança Pública), da Secretaria Estadual de Segurança, concluiu que, se nada for feito, a taxa de homicídios pode quadruplicar em nove anos.
O aumento pode se estender a São Gonçalo, município vizinho. O empreendimento, cuja obra começou em 2008, entra em operação em 2014.
Na ilha da Madeira, em Itaguaí, moradores temem que os investimentos do Superporto Sudeste, do empresário Eike Batista, e o estaleiro da Marinha acabem com a vida pacata do local.
O ISP quer fazer projeções sobre o impacto na violência urbana desse empreendimento, bem como do Porto do Açu, em São João da Barra e do Arco Metropolitano, via expressa que atravessa oito cidades. O trabalho aguarda recursos orçamentários.
Em Macaé, a chegada do investimento no setor petrolífero, na década de 80, iniciou a alta dos homicídios, intensificada no final da década de 90 com os royalties.
A cidade não se preparou para o aumento da população, que triplicou entre 1980 e 2010. A taxa de homicídios, que era de 12 por 100 mil habitantes em 1980 alcançou 95 por 100 mil em 2007, segundo dados do ISP.
O estudo aponta áreas em Itaboraí já sob controle de traficantes. A taxa de homicídios foi de 44 por 100 mil habitantes em 2010, acima da média estadual (29,8). Em 2020, pode chegar a cerca de 180, aponta projeção do ISP.
"Em Itaboraí já temos um cenário violento. Mas diagnosticar e planejar é o início para melhorar esse cenário", disse o diretor do ISP, tenente-coronel Paulo Augusto Teixeira.


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