São Paulo, terça-feira, 15 de junho de 2010

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Euro forte ocultou crise, diz presidente da União Europeia

Belga afirma que bloco de 16 países esteve à beira da dissolução no mês passado

DO "FINANCIAL TIMES"

Herman Van Rompuy, presidente da União Europeia, culpou a força do euro nos últimos anos por ter cegado a zona do euro quanto aos problemas fiscais subjacentes de que sofria.
Ele também criticou os mercados financeiros por reagirem de maneira exagerada a essas dificuldades econômicas e por se deixarem influenciar demais por "boatos e preconceitos".
Ele disse que "os mercados foram indulgentes demais na primeira década [do euro], mas agora, muitas vezes, reagem de forma excessiva a pequenos incidentes."
"O que houve de errado não foi o que aconteceu agora. O que houve de errado foi o acontecido nos 11 primeiros anos da história do euro. De certa maneira, fomos vítimas de nosso sucesso."
"O euro se tornou uma moeda forte com "spreads" de taxas de juros muito pequenos [sobre os títulos do governo]. Era como uma espécie de pílula para dormir, alguma espécie de droga. Não estávamos cientes dos problemas subjacentes."
Van Rompuy disse que o bloco de 16 nações esteve à beira da dissolução no mês passado, o que poderia ter causado uma crise mundial. Mas os líderes europeus agora compreendem que para avançar é preciso implementar reformas econômicas necessárias, ainda que politicamente impopulares, como a abertura dos mercados de trabalho e a elevação da idade de aposentadoria.
Van Rompuy reconheceu que os mercados haviam desempenhado papel útil desde que irrompeu a crise grega, para identificar pontos fracos na governança econômica da zona do euro.
Mas apoiou vigorosamente uma regulamentação mais severa dos mercados financeiros, especialmente as agências de classificação de crédito e os mercados de derivativos -medidas que estão sendo preparadas pelas autoridades da UE.
Ele declarou ainda que os mercados financeiros contribuíram para a crise na região por se provarem brandos demais com os governos irresponsáveis em termos fiscais nos anos posteriores à criação do euro, em 1999.

Tradução de PAULO MIGLIACCI



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