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Servidor do Cade treina acordo em Yale e Harvard
Objetivo é capacitar para a negociação de multa com advogados privados
Aumenta o número de empresas interessadas em fazer acordo com o conselho para encerrar investigação de cartel
LORENNA RODRIGUES
DE BRASÍLIA
Thiago Marzagão, servidor
do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), acaba de concluir um
curso sobre técnicas de negociação na Universidade Yale,
nos EUA.
Antes, com outros colegas
do órgão, fez uma especialização em acordos comerciais
na Universidade Harvard.
O treinamento de servidores faz parte da nova estratégia do conselho para enfrentar advogados experientes
em uma prática cada vez
mais comum: a celebração
de acordos de leniência em
casos de cartel.
Nesses acordos, as empresas fazem uma admissão de
culpa formal e pagam multas
milionárias -menores, em
tese, do que pagariam se fossem condenadas.
Advogados da área relatam que o Cade está mais rigoroso: as multas estão
maiores e o conselho condiciona a celebração de acordos à entrega de provas novas e relevantes.
"Há uma orientação que a
gente segue de que o acordo
tem de ser uma punição. Tem
de doer na empresa", diz
Marzagão.
A tendência é reiterada pelo presidente do Cade, Arthur
Badin. Segundo ele, as condenações por cartel podem
chegar a 30% do faturamento das empresas, e os acordos
não saem por menos de 22%.
Levantamento feito a pedido da Folha mostra que o valor médio das multas aplicadas pelo Cade subiu de R$ 10
milhões em 2006 para R$ 46
milhões em 2009.
No período entre 2007 e
2009, houve uma explosão
no total de multas pagas por
conta da mudança na lei, que
passou a autorizar a assinatura de acordos de leniência
em casos de cartel (prática
que inclui combinação de
preço e divisão de mercado
entre concorrentes).
No intervalo, o valor das
multas pagas foi R$ 137,8 milhões, contra R$ 16 milhões
nos três anos anteriores.
CADE FORTALECIDO
A modificação na lei deu
musculatura ao conselho.
Antes disso, apenas em dois
casos as multas de condenação por cartel foram pagas.
As demais multas estão sendo questionadas na Justiça.
Com a possibilidade de celebração de acordo, grandes
empresas como a cimenteira
Lafarge e a gigante do setor
de compressores Whirlpool
procuraram o conselho, pagando respectivamente R$
40 milhões e R$ 100 milhões
para encerrar processos por
formação de cartel.
O advogado e ex-conselheiro do Cade Marcelo Calliari, que participou da negociação de alguns acordos
pelo lado das empresas, critica a falta de flexibilidade do
órgão quanto ao tempo de
negociação, de até 60 dias.
"O Cade poderia dar um
pouco mais de prazo. Isso facilitaria a negociação, o que
também interessa ao órgão",
diz Calliari.
Já o advogado Túlio do
Egito Coelho, que representou a Lafarge, critica o fato de
as negociações serem conduzidas por técnicos do Cade, e
não pelo conselheiro relator
do caso. "Não existe um procedimento de negociação
muito claro."
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