São Paulo, terça-feira, 15 de junho de 2010

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ANÁLISE CITRICULTURA

Maior poder de compra do consumidor pode alavancar venda de suco de laranja

MAURÍCIO MENDES
ESPECIAL PARA A FOLHA

A citricultura brasileira é importante para o Brasil. O setor fatura cerca de US$ 4 bilhões, considerando a cadeia citrícola toda -desde a produção das frutas até a exportação do suco, passando pela industrialização, pela logística e pela exportação.
As exportações brasileiras de suco de laranja representaram em 2009 cerca de US$ 2 bilhões -a oitava força na pauta das exportações do agronegócio brasileiro, ou cerca de 3% do total.
O setor emprega mais de 400 mil pessoas. Tem excelente conversão entre capital investido e empregos gerados: são cinco empregos para cada R$ 18 mil investidos. A citricultura brasileira é importante para o mundo.
Dos 2,2 milhões de toneladas de suco consumidas no mundo, mais da metade é fornecida pelo Brasil. A região mais importante na produção, industrialização e exportação mundial é o Estado de São Paulo, seguida pela Flórida (Estados Unidos). Juntas, somam cerca de 85% da produção mundial e de 90% de toda a exportação.
As duas regiões produtoras passam por momento delicado. A produção de frutas cítricas em ambos os Estados vem diminuindo nos últimos anos. Juntas, já produziram mais de 600 milhões de caixas (40,8 quilos); hoje, não chegam a 450 milhões.
Para os próximos anos, analistas veem mais declínio de produção para os dois Estados. Furacões e geadas para a Flórida e baixa rentabilidade em São Paulo foram responsáveis pela queda ocorrida; o "greening" é o principal vetor de queda para a previsão de produção de ambas as regiões.
Era de esperar que, com a constante queda de oferta de laranjas e de suco, deveria haver forte aumento de preços da commodity, mas não é o que se vê: o suco no mercado internacional está valendo em torno de US$ 2.200 por tonelada.
A não reação do preço se deve à queda ocorrida no consumo de suco de laranja. Ele caiu de 2,7 milhões de toneladas em 2003 para 2,2 milhões em 2008. No período, ocorreram quedas de consumo de 12% nos Estados Unidos e de 37% na Europa, segundo o Usda.
Com esse cenário, o setor terá de enfrentar desafios dobrados: a necessidade de aumentar os custos, entre outros, por conta do controle do "greening", a mais temível doença do setor, e a incerteza da rentabilidade que o setor traria a persistirem os preços no patamar em que estão.
O alento vem do fato de que há um movimento de marketing no sentido de estimular o consumo de suco no mundo e de que o Brasil é mais competitivo que a Florida, já que o "greening" atinge as duas regiões. Há mais. O consumo no mercado interno é crescente.
O setor de alimentos tem sido beneficiado com o ganho de poder aquisitivo do consumidor brasileiro. Na disputa por pouca laranja, o mercado interno vai incomodar bastante as indústrias de suco, com vantagem para o primeiro segmento. Bom para os citricultores, que se beneficiarão dessa concorrência.

MAURÍCIO MENDES é CEO da AgraFNP, consultor do Grupo de Consultores em Citros e presidente da ABMR&A.



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