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ANÁLISE CITRICULTURA
Maior poder de compra do consumidor pode alavancar venda de suco de laranja
MAURÍCIO MENDES
ESPECIAL PARA A FOLHA
A citricultura brasileira é
importante para o Brasil.
O setor fatura cerca de US$
4 bilhões, considerando a cadeia citrícola toda -desde a
produção das frutas até a exportação do suco, passando
pela industrialização, pela
logística e pela exportação.
As exportações brasileiras
de suco de laranja representaram em 2009 cerca de US$
2 bilhões -a oitava força na
pauta das exportações do
agronegócio brasileiro, ou
cerca de 3% do total.
O setor emprega mais de
400 mil pessoas. Tem excelente conversão entre capital
investido e empregos gerados: são cinco empregos para cada R$ 18 mil investidos.
A citricultura brasileira é
importante para o mundo.
Dos 2,2 milhões de toneladas
de suco consumidas no mundo, mais da metade é fornecida pelo Brasil.
A região mais importante
na produção, industrialização e exportação mundial é o
Estado de São Paulo, seguida
pela Flórida (Estados Unidos). Juntas, somam cerca de
85% da produção mundial e
de 90% de toda a exportação.
As duas regiões produtoras passam por momento delicado. A produção de frutas
cítricas em ambos os Estados
vem diminuindo nos últimos
anos. Juntas, já produziram
mais de 600 milhões de caixas (40,8 quilos); hoje, não
chegam a 450 milhões.
Para os próximos anos,
analistas veem mais declínio
de produção para os dois Estados. Furacões e geadas para a Flórida e baixa rentabilidade em São Paulo foram
responsáveis pela queda
ocorrida; o "greening" é o
principal vetor de queda para
a previsão de produção de
ambas as regiões.
Era de esperar que, com a
constante queda de oferta de
laranjas e de suco, deveria
haver forte aumento de preços da commodity, mas não é
o que se vê: o suco no mercado internacional está valendo em torno de US$ 2.200 por
tonelada.
A não reação do preço se
deve à queda ocorrida no
consumo de suco de laranja.
Ele caiu de 2,7 milhões de toneladas em 2003 para 2,2 milhões em 2008.
No período, ocorreram
quedas de consumo de 12%
nos Estados Unidos e de 37%
na Europa, segundo o Usda.
Com esse cenário, o setor
terá de enfrentar desafios dobrados: a necessidade de aumentar os custos, entre outros, por conta do controle do
"greening", a mais temível
doença do setor, e a incerteza
da rentabilidade que o setor
traria a persistirem os preços
no patamar em que estão.
O alento vem do fato de
que há um movimento de
marketing no sentido de estimular o consumo de suco no
mundo e de que o Brasil é
mais competitivo que a Florida, já que o "greening" atinge as duas regiões.
Há mais. O consumo no
mercado interno é crescente.
O setor de alimentos tem sido
beneficiado com o ganho de
poder aquisitivo do consumidor brasileiro.
Na disputa por pouca laranja, o mercado interno vai
incomodar bastante as indústrias de suco, com vantagem para o primeiro segmento. Bom para os citricultores,
que se beneficiarão dessa
concorrência.
MAURÍCIO MENDES é CEO da AgraFNP,
consultor do Grupo de Consultores em
Citros e presidente da ABMR&A.
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